segunda-feira, outubro 30, 2006

...

Bateste novamente à porta, hoje. Não acordei, talvez porque uma parte de mim queria ver se estavas bem, se a tua rudeza ainda combinava com o teu encanto.

É estranho, quando surges assim do inesperado, do incontrolável. Ainda não percebi se é agradável ou assustador.
Abri com cuidado, não fosses tu entrar de rompante, levando atrás tudo aquilo que me esforcei tanto por guardar.
Sorriste, pediste licença, sentaste-te em cima da antiga arca da minha avó.
Quiseste um café.
- Mas... tu não bebes café!!!
Sorriste de novo.
- Estou no teu sonho, posso fazer tudo aquilo que te agradar. Como saborear um café contigo.
Bebemos o café em silêncio, olhos nos olhos. O aroma da bebida somado à cor dos teus olhos... o que poderia haver para dizer???

Depois despediste-te e, à porta, olhaste-me de novo.
- Volto quando me quiseres aqui.
- Acho que não vou querer, sabes?
De novo o sorriso.
- Volto então, quando me apetecer...

terça-feira, outubro 03, 2006

Letting go...



O Leão e o Rio

"Depois de atravessar grandes chuvas, o leão foi confrontado com o ter de atravessar o rio que o cercara. Nadar não fazia parte da sua natureza, mas era forçado a fazê-lo se queria sobreviver. O leão rugiu e investiu contra as águas do rio que quase o afogaram antes de ele recuar. Foram muitas as vezes em que tentou a travessia deste modo, mas em todas elas fracassou. Exausto, o leão deitou-se e foi quando se acalmou que ouviu o rio dizer:
- Nunca lutes contra o que não existe.
Cautelosamente, o leão olhou à sua volta e perguntou:
- O que é que não existe?
- O teu inimigo - respondeu o rio. - Tal como tu és um leão, eu sou apenas um rio.
O leão então sentou-se muito tranquilo, a estudar o curso do rio. Passado algum tempo, dirigiu-se ao ponto em que a corrente fluia para a margem e, a deixar-se levar por ela, flutuou até ao outro lado."

in "Não leve a sua vida tão a sério"