sexta-feira, dezembro 28, 2007

Vida: manual de instruções?

Aprendi, para todo o sempre, que não existem caminhos únicos, pontos de vista certos ou certezas absolutas. Alguém se esqueceu de me dizer isso. Se o deveria ter dito ou não, é sempre discutível. Mas ninguém me disse, é o facto.

Houve outras coisas que não me disseram e que me surgem no caminho, das formas mais mirabolantes possíveis.
Não me disseram que não existem príncipes encantados, ou livros de reclamações para emoções não validadas. Não me disseram que eu própria poderia construir o castelo dos meus sonhos, sem esperar que me viessem buscar num cavalo branco, mas que, ainda assim, deveria ter cuidado, pois correria sempre o risco de me sentir uma prisioneira lá dentro.

Não me disseram que, mesmo quando tudo parece correr bem, o coração pode discordar e fazer-nos sentir absurdos e marginais dentro da nossa própria vida.

Não me disseram que magoar alguém pode ser mais doloroso do que ser-se magoado. Que quando estamos sós, ansiamos estar com alguém mas, quando estamos acompanhados, podemos ter saudades de nós.

Não me disseram que podemos ansiar pela tranquilidade e pela harmonia, mas que o mais importante de tudo é RESPIRAR!!!!! Que a paz de espírito pode surgir ao anoitecer, no calor de uma lareira e de um copo de vinho tinto, ou a fazer bungee-jumping no meio de sítio algum, e sem qualquer plano para o momento seguinte.

Não me disseram, talvez, para eu aprender, ou para me lembrar! Não me disseram, provavelmente, porque também não sabiam. Ou porque cada vida tem um manual único, não é universal.

"Faças o que fizeres, não desistas de ti!" Isto disseram-me hoje. Eu já sabia disto, claro. Apesar de nem sempre me lembrar. Mas, de uma forma estranha, fez toda a diferença. Será a minha primeira regra no manual de instruções.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Maior de 21 anos

Li isto e achei muito bom...

terça-feira, dezembro 18, 2007

Plágio

"Abro todos os dias a minha caixa de correio com a esperança de encontrar a tua resposta às cartas de amor que te escrevi mas que nunca tive coragem de enviar."

Sobre a entrega

Encontrei, algures, esta frase que vibrou em mim, ao ponto de a querer despir... brincar com ela...
Porque razão as mulheres têm mais dificuldade em se entregar quando nos entregamos nós a elas?

É uma probabilidade que aconteça... não me parece maior do que acontece aos homens. Mas nas mulheres, quem sabe, nota-se mais. Porque somos mais emotivas, expansivas, dramáticas, talvez... E porque a entrega tem a ver com o quê, afinal? Com o corpo, a alma, o pensamento? O medo? Às vezes a entrega dá-se onde menos se vê.

Ou porque somos loucas e não sabemos o que queremos? Porque um homem real não é tão interessante como um homem imaginário, distante, indisponível? Porque existe um arquétipo do amor romântico que, afinal, não completa a nossa vida, nem trás livro de reclamações e, por isso, a entrega dá medo da desilusão? E entregar-se-ão, alguns homens, às mulheres que se entregam a eles?

Recordo-me da altura em que entreguei tudo o que tinha a um homem em quem confiava. E quando assisti à sua não entrega, o quanto isso ruiu o meu mundo! Mas, quando fiquei pronta a olhar para trás percebi que a minha própria entrega pode não ter sido tão grandiosa, tão visível aos seus olhos. Se faria algumas coisas diferentes? Provavelmente. Se não lhe entregaria a minha alma? Claro que o faria!!!!

A verdade é que na maioria das vezes, vivemos no medo. E isso impede-nos, pura e simplesmente, de ver o outro. Somos nós que nos magoamos a nós próprios.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Amor

Começou a vomitar na sexta de manhã. Depois, foi aguardar e ver se melhorava, ligar à pediatra, ir à consulta de urgência. Gastroenterite viral. Não é um nome que se explique bem a uma criança de 3 anos, não é?

O fim de semana aterrador de vê-la chorar com dores de barriga, vomitar o pouco que comia, dormir muito pouco, passear-me pela casa com ela ao colo, cantando músicas do "Jesus Christ Superstar" que, sabe Deus porquê, ela adora.

Aconchegá-la, fazer-lhe massagens na barriguinha, convencê-la a tomar os remédios, contar-lhe histórias...

E num dos instantes de calma, estando ela ao meu colo, quieta,parecendo adormecida, chega-se perto do meu ouvido:

- Sabes, mamã, gosto tanto de ti!!!!

Existirá no mundo sentimento melhor do que aquele que me invadiu? Tenho sérias dúvidas!!!!!

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Locais sagrados

Por mais anos que passem, quando procuro um lugar seguro, ainda que na minha mente; quando preciso de pensar, ou de regressar a quem eu sou é para aqui que venho.
O local onde cresci, onde brincava aos piratas no "Pouca Sorte", o mar que me trazia sempre tranquilidade, o céu mais brilhante e onde vi passar centenas de estrelas cadentes. O banco verde onde escrevi os meus primeiros poemas, onde confessei alguns dos meus segredos, onde chorei lágrimas solitárias, onde beijei a paixão da minha vida.

Há momentos em que tenho saudades, vontade de caminhar na areia, deixar passar entre os dedos os grossos grãos, sentar-me à beira-mar. Respirar o silêncio pontuado pelos aviões ali tão perto.

Olho para lá e não vejo nada de extraordinário. Já tentei replicar a experiência em milhares de outros lugares, alguns imensamente mais lindos, mas não é igual. Ali, nada é extraordinário a não ser a identificação,a sintonia, a essência que habita em mim e que pertence, também, àquele lugar.

"O nosso tesouro está onde está o nosso coração."

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Storm

Vocês não sabem, mas desde quinta feira passada, já me foi proposto um lugar de coordenação de um projecto, eu aceitei, despedi-me do lugar onde estava, preparei-me para iniciar funções, houve problemas externos a mim no novo emprego, vim-me embora, voltei atrás e recusei o lugar, fiquei, por isso, desempregada, voltaram a propor-me o mesmo lugar com melhores condições e... senti-me cansada demais para pensar!!!!!

Estou de greve mental!!!!
Se sou instável? Claro? Se o mundo é mais intenso do que a ficção? Qual é a dúvida?

Ok, era mesmo só para desabafar!!!!!

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Prémio II

A Patrícia resolveu premiar-me, hoje. Não é nada mau receber um prémio pela segunda vez...

Aproveito por isso, para voltar a deixar a mensagem para os meus "antigos" premiados, que não levaram o prémio.

Olavo - http://comentariosdepassagem.blogspot.com/
Carol - http://nomeiodosbifes.blogspot.com/
Sandra -http://palavras-a-fio.blogspot.com/
Mia - http://mia-amigos-e-companhia.blogspot.com/

Direitos Humanos: um "pequeno" grande pormenor

A Ana (nome fictício) é uma filha da prostituição. Nunca soube ou saberá quem é o seu pai, uma vez que a mãe também não o sabe.
Prostituta e toxicodependente, a mãe dela deixou-a, desde os 25 dias, ao cuidado dos avós. Por isso, até aos 5 anos, a Ana conheceu o calor de uma cama, o conforto de um colo ou de um beijo, o prazer de uma refeição quentinha e saborosa.


Com um novo casamento e dois filhos, a mãe da Ana veio buscá-la com essa idade e os avós, que não tinham regulado a situação em tribunal, nada puderam fazer. Mais tarde, houve quem ouvisse a mãe da Ana justificar a presença da filha lá em casa como mais um aumento do Rendimento Social de Inserção.


Talvez a Ana a fizesse lembrar o seu passado. Talvez não gostasse dela. Talvez se portasse pior do que os irmãos. Talvez tantas coisas...


A Ana apareceu na escola muitas vezes marcada, antes de ser sinalizada à Comissão de Protecção de Menores. Às vezes, a mãe cortava-lhe o cabelo curtinho, "só porque sim". Não a deixava tomar banho de água quente, apesar de todos os outros o fazerem lá em casa. Não lhe comprava material escolar, tendo os avós que o fazer.
Os técnicos intervinham, mas o tempo passava, a mãe da Ana prometia melhorar algumas coisas e jurava que tantas outras eram mentira dela, para ir para os avós "que tinham mais dinheiro".


A Ana comia restos e dormia no chão. Houve muitas outras coisas, que só se soube mais tarde, porque a Ana não contava tudo.

A Ana tem 13 anos, neste momento. Fugiu de casa aterrorizada, depois do padrasto a ter tentado violar várias vezes, e finalmente foi colocada na casa dos avós. A mãe continua a dizer que é tudo mentira. Quem olha a fundo para os seus olhos tristes sabe que não. Que é tudo verdade...


Este é um dos milhares de casos que temos entre nós. Só para recordar os direitos das crianças.



Em 20 de Novembro de 1959, a ONU fez a Declaração dos Direitos da Criança, com 10 artigos:

1- A criança deve ter condições para se desenvolver
física, mental, moral, espiritual e socialmente, com liberdade e dignidade.
2- A criança tem direito a um nome e uma
nacionalidade, desde o seu nascimento.
3- A criança tem direito à alimentação,
lazer, moradia e serviços médicos adequados.
4- A criança deve crescer amparada pelos pais e sob sua responsabilidade, num ambiente de afecto e de
segurança.
5- A criança prejudicada
física ou mentalmente deve receber tratamento, educação e cuidados especiais.
6- A criança tem direito a educação gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares.
7- A criança, em todas as circunstâncias, deve estar entre os primeiros a receber protecção e socorro.
8- A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono e exploração. Não deverá trabalhar antes de uma idade adequada.
9- As crianças devem ser protegidas contra prática de
discriminação racial, religiosa, ou de qualquer índole.
10- A criança deve ser educada num espírito de compreensão, tolerância, amizade, fraternidade e
paz entre os povos.

sábado, dezembro 08, 2007

Direitos Humanos

Dia 10 de Dezembro comemora-se o Dia dos Direitos Humanos.
O Sam deu origem à Campanha.
Tudo o que é necessário é um texto sobre o assunto e a nossa energia colectiva. No blog dele, está toda a informação.
Vamos entrar?????

sexta-feira, dezembro 07, 2007

A frase da minha vida

Eu sei que não tenho propriamente um ar frágil, nem costumo deitar a cabeça nos ombros dos outros e chorar. Só mesmo às vezes, e com "outros" muito especiais.

Eu sei que nasci com um ar confiante, que quase nunca reflecte o interior, e que o facto de olhar para a frente e não para baixo, apelida-me, muitas vezes, de arrogante.

Eu sei que olho os outros directamente nos olhos, porque gosto de encarar a alma por detrás de cada ser que encontro nestas passagens.

Eu sei que tenho alguma dificuldade em me fragilizar, embora tenha cada vez menos, e que não suporto sentir-me uma vítima. Que prefiro responsabilizar-me pela minha própria vida, ainda que por vezes seja imensamente doloroso.

Mas quando dói, quando me perco no meio das situações, quando não me apetece levantar da espada e ir em frente, e me dizem "TU SUPERAS TUDO", há um sorriso amargo no meu ser. Uma ironia por detrás desta trama,um castelo que eu construí e que não parece destruível.

Eu não supero tudo.
Eu tenho muitas vezes medo, acho que não estou à altura dos acontecimentos. Eu nem sempre sei o que quero. Desejo tantas vezes que tomem conta de mim, apesar de saber também que quando o tentam fazer, luto contra isso com todas as minhas forças.

Não sou mais forte do que ninguém. Se calhar, a diferença,é que também acho que não sou mais frágil do que ninguém.

Mas, definitivamente, não gosto que me digam "tu superas tudo".

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Grrrrrr!!!!!

"Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te"
Shakespeare

Perdida

Se alguém me encontrar por aí, pode avisar-me, por favor?

terça-feira, dezembro 04, 2007

O melhor elogio

Encontrei a E. a trabalhar numa gelataria, num final de tarde chuvoso. Olhei para ela e não pude deixar de sorrir, enquanto me vinham imagens de uma menina de 16, 17 anos, rebelde, curiosa, birrenta e difícil.

Assim que me viu, sorriu e, meio envergonhada, veio abraçar-me. Ali estava aquela mulher de 21 anos, crescida, a perguntar-me como é que eu estava e onde trabalhava, agora.

Foram dois anos especiais, aqueles em que eu e a V. criámos o "grupo de raparigas" onde, semanalmente, nos reuníamos por duas horas, para "falar da vida".

- Crescer é difícil. - disse-me enquanto limpava a bancada. - Hoje percebo que aqueles tempos não eram tão maus assim.
- Tens estado com as outras? - pergunto.
- Sim, muitas vezes. Falamos muito de como éramos e de como cada uma seguiu uma vida diferente. Mas sabes, há uma diferença entre nós e as outras raparigas da nossa idade. É que por mais difícil que a vida seja, nós conseguimos sempre saber o que é que estamos mesmo a sentir e decidir de acordo com isso, sem culpar ninguém. Isso aprendemos contigo e com a V.

Olho novamente para aquele menina-mulher com os olhos cheios de lágrimas, tentando perceber se ela tem noção de que acabou de me dar o maior elogio que eu recebi e, provavelmente, que receberei para o resto da minha vida. Sei que não tem essa noção. Mas agradeço à vida poder ter passado na vida dela, um dia, e ela na minha.