domingo, novembro 30, 2008

Desculpas de miúdas...

Hoje acordei com esta história na cabeça...

Estávamos em pleno Agosto e eu devia ter uns 12 ou 13 anos. Naquele ano andávamos todos juntos, dois rapazes e quatro raparigas. Para além da praia, durante o dia, e das idas até à gelataria, à noite, adorávamos fazer longos passeios.
Um deles era ir até à "Barrinha", não a nova, criada artificialmente há uns anos, mas a antiga, que ainda ficava a uns bons quilómetros da minha casa.

Adorávamos! Levantávamo-nos, mal o sol despontava, vestíamos o biquini, a t-shirt por cima, um chapéu, e lá íamos, ao longo de umas belas horas, rindo, conversando,dando um mergulho quando o calor começava a aumentar.

Chegados lá, o espectáculo sobrepunha-se a tudo o resto. O Oceano e a Ria, num encontro selvagem e intenso. Nada mais. Ali, a pegada humana era praticamente nula.

Sentávamo-nos na areia, a descansar o corpo e alimentar a mente. Por vezes, íamos ao banho. Outras, os rapazes acabavam por encontrar zonas com muito berbigão e o problema era encontrar alguma coisa para o guardar.

Finalmente regressávamos,exaustos, mesmo na hora do calor e, sobretudo, famintos. Cada um seguia para sua casa e voltávamos a encontrar-nos bem mais à tarde, para ir novamente à praia, ou jogar às cartas.

No dia anterior ao passeio, percebi, entre conversas, que nenhuma delas estava com vontade de ir e o motivo era o mesmo que o meu. Menstruação. Caminhar durante horas, ao calor, naquelas condições, não era o mais adequado. Mas tínhamos vergonha de dizer aos rapazes, apesar de não nos lembrarmos de nenhuma desculpa plausível. Finalmente, resolvemos dizer a verdade, e porque não?

A conversa foi simples. Fomos ter com eles, meio encabuladas e dissemos que não podíamos ir no dia seguinte.
- Porquê?
- Estamos com o período. Ir ao sol até à Barrinha não faz sentido, não nos sentimos confortáveis.

Eles olharam os dois para nós,um ar estupefacto,e depois um para o outro. E a reacção foi exactamente a mesma.
- Vocês são mesmo estúpidas!
- Se não queriam ir, diziam que não queriam ir!
- Agora arranjarem essas desculpas de miúdas é mesmo mau.
- Deixem estar, vamos sozinhos.

E, rodando nos calcanhares, foram-se embora furiosos e deixaram-nos abismadas a olhar para eles!

Foto:http://flickr.com/photos/74448686@N00/2756745817

sexta-feira, novembro 28, 2008

Ho! Ho! Ho! (Eu mereço!!!!)

Encruzilhada - para a A.

A vida não espera por ti.
Com isto, não quero dizer que não apareçam novas oportunidades e escolhas. Quero apenas dizer que amanhã as circunstâncias não serão iguais a hoje.

Eu sei que não está fácil, que te sentes dentro de um espaço pequeno, sem portas nem janelas, e a cada brecha de luz gritam-te aos ouvidos "Tens de fazer aquilo que está certo", "tens de pensar nos outros", "tens de fazer sacrifícios, toda a gente tem".

Ouve, aquilo que, mesmo sem consciência, te estão a dizer é "não abanes muito porque assim está bem - para nós!", "tens de fazer aquilo que está certo - para nós!", tens de fazer sacrifícios para que nós não o tenhamos de fazer!".

As nossas escolhas têm um preço. Podem chamar-lhe sacrifício, eu prefiro chamar-lhe preço. Há um preço a pagar pela tua liberdade. A eterna dúvida sobre se terá sido o melhor, menos dinheiro, uma casa mais pequena, muitos ajustes e o olhar de crítica dos outros sobre ti. A seu tempo, novas oportunidades, novas pessoas, novos desafios.

Há, também um preço, para ficares aí. Esse ninguém notará. Porque será interno. A desistência de todas as coisas que não viveste e que sentes que queres viver. O definhar, que eu já sinto em ti, a morte lenta de quem não acredita ter o direito de viver. Mas algum conforto, o orgulho dos outros por teres sido "uma boa menina". E, a seu tempo, novamente, novas oportunidades e novos desafios.

Nenhum é, realmente, melhor ou pior do que outro. O peso de cada escolha, está apenas no teu coração. Para mim, amiga, não importa o que escolhas. Dar-te-ei a mão.

terça-feira, novembro 25, 2008

O mais bonito


Sabe-se lá porquê... :) foi considerado o homem mais bonito do mundo. É cantor e é grego.

Não sei se será o mais bonito... é o suficiente para eu o colocar aqui... espero que agrade!!!!


segunda-feira, novembro 24, 2008

Daddy...

Desafio

A Carol desafiou-me e cá vai:

1.Colocar uma foto minha.
2.Escolher um artista ou banda favorita.
3.Responder às questões ,que se seguem, utilizando títulos de canções do tal artista ou banda escolhida.
4.Passar o desafio a 4 pessoas.
1.Foto muiiiiito escurecida...
2. Banda - Escolhi os velhos e adoráveis UB40.
3.
1. És homem ou mulher: Just another girl
2-Descreve-te: Many rivers to cross
3-O que é que as outras pessoas pensam a teu respeito: Soul Rebel
4-Como descreves a tua última relação: So destructive
5-Descreve o estado actual da tua relação: Sing our own song
6-Onde gostarias de estar neste momento? Higher Ground
7-O que pensas a respeito do amor? Don't Let It Pass You By
8-Como é a tua vida? Sweet Sensation
9-O que pedirias se apenas tivesses um desejo? Plenty more
10-Escreve uma frase sábia: Love Is All Is Alright
4. Vou desafiar a:

sexta-feira, novembro 21, 2008

Misturas

Era assim que se sentia. Para além da costumeira pilha de nervos, "afinal ainda és quem eras, ou será melhor mostrar quem te tornaste, um pouco das duas, talvez, mas qual será a diferença?"

A melhor amiga, aquela que acompanha em silêncio, para observar e comentar, "não é que seja necessário, mas sinto-me sempre mais confortável se fores, és uma espécie de segurança interna... como se a segurança interna viesse de fora!". Parecia meio aborrecida, mas não sabia se realmente o estava, afinal anti-social, era o que sempre fora, se bem que ultimamente parecia bastante melhor. Continuaria, ainda, a não gostar deles?

E ela deambulava, praticamente sem rumo, ao longo da mesa, como desejava saber de todos, mostrar-lhes o quanto os amava, a importância que tinham tido na sua vida. As companheiras, e namorados, que viessem, queria conhecê-las, também. Até a ela. Mesmo a ela.

Contava, ouvia, queria absorver o máximo daquelas duas horas que não teriam significado nenhum para os outros, ou teriam? Mais do que uma vez lhe tinham demonstrado de que partilhavam, ainda, as mesmas memórias, os mesmos sentimentos, apesar da forma diferente de os comunicar?

Um deles perguntara: "Então, continuas a ajudar pessoas a entrar para a universidade em 3 meses?" E ela respondera "Cala-te, não falo contigo.", assim meio atabalhoadamente, porque não era a hora, nem o momento. Porque não dava para dizer ali "não me apetece falar de trabalho, nem de divergências. Eu não sou, nunca fui do teu partido político, nem percebo as tuas visões, mas não é por isso que deixava de te pedir boleia, de te abraçar quando estava triste ou de ser a tua parceira de matrecos. O que é que importa o que é que eu faço se eu estou aqui e quero saber se és feliz?"

O casal preferido, que ela tanto amava e que acaba, através de uma meia piada, por descobrir que a mulher desconfia de segredos existentes entre o marido e ela,"Bolas, claro que existem segredos, conheci-o muito antes de ti, temos histórias em comum, conhecemos instantes um do outro, nenhum daqueles que tu estás a imaginar, mas, ainda assim, não tos direi. Não significa que não te ame."

A amiga de infância, de quem nunca se sentira realmente próxima, porque não eram feitas da mesma matéria, mas nadaram juntas, gritaram, brincaram, riram das mesmas piadas, abriram a pista tantas noites, ao som de "Roxanne", enquanto a prima canadiense descompensava de alegria. Por isso, chamava-lhe maninha e o seu coração alegrava-se com a sua presença. Apesar de tudo.

O ex-alcoolatra, que era apenas um gajo fixe quando o conhecera, mas cujo coração puro lhe fazia desconfiar que poderia não "sobreviver" à Selva que era existir para mostrar e não para ser. Agora, amargo, calado, doente, mas um sorriso. Ainda assim, viera. E isso dizia tanto.

O ex-amante, que a olhava de soslaio, sem o dar a entender, aquele idiota que nunca tinha dito as palavras que ela ansiara durante anos ouvir, e que não eram "amo-te" (bem, essas também eram), mas sim a mensagem de reconhecimento, "estive aqui, partilhei isto contigo". "Idiota, se não foi importante, porque é que estás tão desconfortável? Eu estive lá, sabias?"

Não eram os "seus amigos" actuais. Não viam o mundo como ela, nem sentiam as coisas, ou falavam das ideias, não liam os livros, não vibravam na sua energia. E, apesar de tudo isso, amava-os de todo o coração. Era ali que queria estar. Não eram as condições ideias, mas eram as que tinha.

O seu amor, que, ainda inconscientemente, sabia de tudo isto. E mantinha-se, tão calmo quanto a melhor amiga, observando, esperando, sabendo que o nervoso dela acalmaria no final da noite e que, talvez não logo, porque as memórias demoram tempo a reencontrar o seu lugar, mas logo que pudesse regressaria aos seus braços. Ela também sabia disso.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Tareia energética

O problema de se criar relações não conflituosas com os colegas de trabalho, é que somos apanhados (a toda a hora) a levar com as queixas de tudo e todos. É assim como apanhar porrada de todos, mas não faz mal, porque até não é dirigida a mim... supostamente...

Tenho o hábito de tentar ver os outros pontos de vista, e o hábito ainda mais idiota de acreditar que os outros também o querem ver... wrong....

Adoptei o puro e duro "não quero ouvir, não quero saber"! Quem não gostar, que beba uma água das pedras...

quarta-feira, novembro 19, 2008

When you smile at me you know exactly what you do

Galinha doméstica

O amor pode tudo! Até treinar galinhas...

Devia ter uns 6, 7 anos. Vivia, com os meus pais, na casa do meu bisavô, que ainda era vivo na altura, e com os meus avós paternos. Sim, é verdade, a casa era verdadeiramente grande. Grande e com um imenso jardim à frente e um quintal interior. Penso que a minha infância teve muito a ganhar com isso, tal como a imaginação, que não parou de crescer até hoje.

Para além da minha gata, tinha um coelho (já nem me lembro porquê) e um porquinho da índio, que o meu colega da terceira classe, o Nuno Gouveia, me ofereceu, também não sei muito bem porquê. Imagino que seria para se livrar das dezenas de crias que os porquinhos das índia costumam ter.

E a minha avó tinha galinhas. Poucas, mas tinha.

Ainda não sei a resposta, mas estaria, sem dúvida naquele quintal. Os animais começaram a adoecer e apareciam mortos de um dia para o outro. Ninguém o conseguia explicar. Morreu o coelho, o porquinho da índia e, por fim, as galinhas. Sobrou uma, branca e com aquele característico ar de estúpida, que as galinhas têm (perdoam-me o raio dos bichos que não têm culpa). Foi então que a minha avó, vendo a galinha doente e a caminho do mesmo destino que todos os outros, resolve salvar o animal.

Era engraçada, a minha avó. Como boa aquariana, as coisas que pareciam estranhas aos outros, para ela eram absolutamente normais. Imagino que o facto de ter sido criada por ela formatou alguma coisa em mim.

Como tal, pega na galinha e leva-a, a ela e a mim, para a nossa casa na praia. Uma casinha em madeira, pequena, com um belo pátio e, claro está, na praia. :)

E esse foi o Verão em que tive uma galinha como animal de estimação. A minha avó fez-lhe uma casa, com caixas de papelão, onde ela dormia a noite toda. De resto, andava solta pela casa, cacarejando com a alegria de passar férias na praia! Afinal não era assim tão estúpido, o bicho. Tinha o cuidado de fazer as necessidades apenas no pátio e nunca dentro de casa. Durante o dia, dormia estrategicamente num dos lados do sofá cor de laranja que estava no pátio, sempre do lado onde batia o sol. Melhorou, engordou e começou a achar que era pessoa.

Ao almoço, tentava esvoaçar para cima da mesa, especialmente na hora da fruta, pois gostava particularmente de uvas. Hoje, quando me lembrei disso, também me lembrei de que naquela altura nada daquilo me pareceu estranho, que se alguém fez comentários sobre a galinha doméstica, não me recordo, que os meus amigos brincavam com a galinha como se fosse um cão. Ainda não tinha padrões limitados para aquilo que poderia ser um "animal doméstico politicamente correcto".

Percebi depois, no meio de algum horror, porque é que não se deve adoptar uma galinha como animal doméstico. De facto o bicho ficou bom e isso foi comemorado com um arroz de cabidela que não consegui comer e não consigo comer até hoje.

Foi quando decidi ficar-me apenas pelos gatos.

terça-feira, novembro 18, 2008

Noite

Pouco dormi.
Acordei pelos pequenos toques, que raramente me despertam. Acordei com a preocupação de me dirigir até ela, colocar-lhe a mão na testa e verificar se ainda está com febre. Acordei porque "mamã, tenho sede", ou porque "me dói a barriga", ou porque "não consigo dormir."

Às vezes a noite prega-me partidas, com algumas horas de vigília. Nessas alturas, reflicto sobre tudo e mais alguma coisa, levanto-me para comer, inevitavelmente, acendo o candeeiro e pego no livro da cabeceira. O sono chega por si mesmo. Não é trágico.

Esta noite, porém, a insónia carregava preocupações a mais, pensamentos a mais, frio a mais. Era pesada. Devia ter acendido a luz. O livro estava mesmo ali, a 60 páginas de terminar. Não me devia ter permitido carregar a noite, ao longo do dia...

segunda-feira, novembro 17, 2008

Interrogações

O ano passado escrevi um texto, no qual falava sobre as expectativas que as pessoas que me conhecem têm, na maioria das vezes, sobre mim, e como isso pode ser doloroso, em determinadas fases.

Esse texto chamava-se "a frase da minha vida". Estranhamente, é através dele que mais pessoas passam por aqui. Descobri,um destes dias, 86 buscas no google - que tinham chegado ao meu blog - com o tema "a frase da minha vida".

Eu escrevi um texto sobre frases que, para mim, eram significativas, pois estavam presentes na minha existência como um padrão. Imagino que cada um terá as suas. No entanto, pergunto-me: porque é que hei-de ir procurar "a frase da minha vida" à Internet?????

Mistérios...

domingo, novembro 16, 2008

Baú...




Encontrei por acaso... adorava esta música. Resolvi partilhar...

sábado, novembro 15, 2008

Enleios

A MB esteve em minha casa. Veio com o namorado, que se entreteve toda a tarde com o N., entre violas, gira-discos, reason, ableton live e afins.

Com a miúda meio adoentada, vi-me restringida a um quarto de criança, um portátil, no qual não consegui elaborar uma frase decente a tarde inteira, e a M.

Fomos cordiais uma para a outra e eu tentei ocupar-me, enquanto ela lia uma história à minha filha. Os olhares trocados deixam questões sem resposta. Não com respostas que poderão não ser ditas, ou que precisam de tempo. Mesmo sem resposta. Ela continua a temer-me, a olhar-me como se eu a desnudasse facilmente. Eu continuo a não ter menor noção daquilo que sinto em relação a ela, às suas atitudes, às suas escolhas, ao facto de frequentar a minha casa e falar do meu marido, como se o conhecesse melhor do que eu. Por vezes, pergunto-me se o fará de propósito. Se necessitará de demarcar um espaço no qual, pensa, eu não tenho entrada.

Confesso que essa parte me irrita. Não o espaço que ela partilha com ele, mas a sua necessidade de o expor sempre que pode.

Do outro lado, a evidência de que, num universo paralelo, aquela mulher poderia ter sido minha amiga. Temos as mesmas raízes, histórias parecidas, gostos comuns. Falamos dos mesmos livros, dos mesmos filmes, de uma espiritualidade similar. Uma vez ela chamou-me irmã... e eu emocionei-me. De verdade.

No entanto, ela ainda odeia a vida que viveu, anda de espada em punho e percorre as suas estradas tendo o mundo e os seus habitantes como inimigos. É ai que somos totalmente opostas.

Eu amo as minhas experiências, as minhas memórias, os meus sonhos, as minhas pessoas - as que conheci e as que se cruzarão comigo. Eu reconheço, também, a minha mão, nos traços que desenharam a minha história. Ela culpa tudo e todos pelo que não lhe sorri.

Neste momento está apaixonada. Talvez o amor a adoce. E nesse percurso talvez eu tenha tempo de a conhecer melhor e perceber a confusão enublada de sentimentos que me evoca.

Em relação ao post anterior...

Já me passou!!!! :)

Coisas que todas as mulheres casadas devem pensar, pelo menos, uma vez na vida

Eu casei com o ser mais egoísta à face da Terra!!!!

sexta-feira, novembro 14, 2008

Limpezas

São os objectivos para as próximas horas...

Falta-me o sorriso desta senhora.... e as argolas na orelhas...

Até já!

quinta-feira, novembro 13, 2008

Eu, ele e a Marta - take1

Conheci a Marta no 10º ano. Fazia anos 2 dias antes de mim. Tínhamos a mesma altura, cabelos compridos e uma forma meio extravagante de encarar a vida. Ela mais extravagante que eu.

Em adolescente, era bastante fechada, no que dizia respeito a emoções, histórias passadas e tudo o mais. A Marta "apaixonou-se" por esse mistério à minha volta, dizia que iria descobrir de onde eu vinha, o que escondia, "por que razão os meus olhos desafiavam o horizonte". Foi assim que nos tornámos amigas. Ela tinha, de facto, ideias muito próprias, muito "à frente" e era difícil acompanhá-la. Hoje em dia, por vezes, penso nela e percebo o que deveria sentir, naqueles tempos.

Ele conheci um pouco mais tarde. Foi o meu primeiro namorado a sério. Ao contrário da Marta - e por inúmeros outros motivos - não é uma pessoa de quem me lembre, hoje em dia. Mas naquela altura, tinha 17 anos, estava apaixonada e achava que iria ficar com ele para sempre. Não achamos sempre? :)

Como quase toda a gente que conheço, fizemos a viagem de finalistas a Benidorm. Éramos meio loucos. Bebíamos muito. Muito inconscientes.
E foi numa noite dessas, num passeio na praia, sentada num banco a conversar com um colega, que olhei para o lado e, um pouco mais à frente, dei de caras com Ele e a Marta a beijarem-se!

Gelei. Houve uma parte de mim que morreu nesse dia. Porque havia coisas nas quais eu ainda acreditava.

Éramos muito jovens, estávamos muito ébrios. Falei com ela, mais tarde. As explicações dela faziam sentido, para o mundo dela. Não para o meu, nessa altura. A relação com ambos reatou-se, mas o fogo foi-se extinguindo.

Com ele, acabou da pior maneira possível. Com ela, fomo-nos afastando. Não fui ao casamento dela, apesar de ter sido convidada.

Nele não penso, porque a pessoa que ele era, não é, de todo, quem eu quero perto de mim. Nela penso, porque nunca chegámos a conversar verdadeiramente sobre o assunto. Nunca lhe disse que não lhe guardo qualquer rancor, que por um lado lhe agradeço, porque foi a primeira a mostrar-me quem ele era e as atitudes dela me ajudaram a crescer, muito. Que gostei muito de a ter conhecido.

Nessa altura, tinha sido apenas uma situação. Não sabia o impacto que o nome Marta teria, ao longo da minha vida.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Filtros

Fico estupidamente zangada quando o pseudo-quase-namorado da minha melhor amiga fica 2 semanas sem telefonar, quanto mais aparecer e raras vezes responde a mensagens. Durante horas a fio ouço-a e apoio-a, chamamos-lhe aqueles nomes próprios de quem está no papel de vítima e até rimos do assunto. Depois, do nada, ele aparece, age como se nada de errado estivesse a acontecer, e ela cede, adora, fica feliz com a presença dele e tem o desplante, no dia seguinte, de o defender "das minhas garras". Afinal, sou eu que não gosto do coitado!!!!

Sim, eu mereço!!!!

Assim como a outra amiga, que tem um casamento despedaçado desde, quase, o dia em que se casou - e já passaram 10 anos. Também me dá a visão de uma mulher que está presa a um homem com mentalidade de avô, que a prende em casa, não lhe permite respirar, não a trata com o carinho devido e a quem ela não pode pura e simplesmente largar, porque "a vida não é assim tão simples, tem 3 filhos e não é fácil para uma mulher sozinha, etc." Também a essa eu apoio, e ouço, e nem sequer entendo como é que ela permite que determinadas coisas aconteçam.

Mas vem o momento em que ela arrisca e pede um tempo, ele vai e, em menos de um mês, já arranjou outra, ela arrepende-se e ele volta para casa!

Mais uma vez, eu mereço!!!

Se calhar é esse o meu papel, enquanto amiga. Apoiar. Mas sempre com a consciência que as mentiras que contamos a nós mesmos, muitas vezes, servem como desculpa para acusar o outro. Que, provavelmente, nenhuma delas deixa bem claro, à outra parte, o que quer, quais as reais expectativas. Dizem-nas a mim, mas não a eles.

Muitas vezes, o outro age com base nas suas próprias expectativas e nas "mentirinhas" que deixamos que ele acredite, com medo de pagar o preço por aquilo que realmente queremos. E depois sofremos porque ele não faz aquilo que nós realmente queríamos que fizesse, mas não sabe, porque nós não lhe dissemos, com medo que ele não fizesse. (Sim, dito assim parece absurdo, mas existe por aí alguém que não tenha telhados de vidro? Eu não sou.)

A verdade é que as relações são uma dança, se damos um passo à frente, antes de ser a nossa vez, podemos pisar o outro. E se damos demasiados passos atrás, sem perceber que também temos de andar para a frente, corremos o risco de tropeçar nos próprios pés. Há uma fluidez nos compromissos daquilo que eu quero e do que o outro quer. Que são construídos lentamente. Mas também há momentos em que, se gostamos de salsa, não podemos continuar a dizer que não nos importamos de dançar tango. Até porque o outro pode gostar da dançarina de tango, mas nunca será suficiente, porque não conhece a dançarina de salsa, que é o que realmente somos.

terça-feira, novembro 11, 2008

Vendida...


... é o que eu sou, quando nem sequer gosto de filmes do 007.
Mas, tal como da última vez, eu vou ver este!
Ai vou, vou!!!!!!
É que cada vez que fecho os olhos consigo imaginar pelo menos
UMA razão para ir.

Meia Estação

Porque às vezes não é carne, nem é peixe, não é preto, nem é branco, não se está feliz, mas também não se está triste. Porque há dias de sol e dias de chuva e porque os dias ficam escuros mais cedo, mas existem dias com o anoitecer às 9 da noite.

Porque somos simpáticos, mas por vezes damos respostas tortas, ou somos sisudos e podemos soltar uma gargalhada fresca e sonora, do nada. Porque nunca gostei nada de rótulos, mas vivo num mundo virado para a catalogação geral.

Porque tudo o que é fora do nosso mundo é chamado de estranho e por vezes temos vontade de ser extravagantes (sinónimo para fazer coisas não consideradas normais no nosso mundo).

E porque o dia só tem valor porque existiu uma noite, só sabemos o que é estar alegres porque, um dia, já sentimos tristeza, porque só sofremos de amor porque esse amor já nos invadiu a alma com um sorriso...

Porque me aborreço, ou não gosto, ou não ligo, mas a verdade é que gosto da tua humanidade. Sem ela, não serias especial. Não serias tu!!!

Aceito-te! E não é com conformismo. Aceito-te mesmo! Abro-te os braços...

segunda-feira, novembro 10, 2008

Blog fechado...

... devido a Auditoria no trabalho...

Até já!

domingo, novembro 09, 2008

O homem do condomínio (para a K.)

Comecemos pela música de fundo. Imaginemos que todas as vezes em que aparecer "tam, tam... tam, tam, tam, tam..." me refiro à musica da Missão Impossível. Boa????

Um homem. Duas identidades. Uma missão.

Como qualquer super-herói, este não é excepção e vive duas vidas distintas. Por um lado, o menino mimado que não conseguiu sair de casa dos pais, apesar de ter 365 anos e alguns cabelos grisalhos. Ainda gosta da comidinha da mamã, que fica acordada até ele chegar, o que faz com que tente não dormir fora para não sobressaltar a senhora. Independente, sim, pensa nisso, mas talvez um dia.

Não se enganem, no fundo, esta é a desculpa que esconde o verdadeiro motivo pois... ele é o Homem do Condomínio.
"tam, tam... tam, tam, tam, tam..."

Não tem horas para dormir. Não tem horas para chegar. Amigos? Muitos, mas raramente o vêem. Namorada? Ah... não tem tempo para relações.
Se uma lâmpada se funde, ele está a caminho. As contas não foram pagas? Não temam... a mão que tudo resolve não pára.
Telemóveis? Perde-os no vão de escadas, depois de reuniões intermináveis em que nada mais importa que não a Resolução dos Problemas!!!! Ele é o Homem do Condomínio!
"tam, tam... tam, tam, tam, tam..."

Tenta ir às festas de aniversário, que são muitas. Afinal, tem de provar aos outros que tem uma vida normal, e qualquer pessoa pode ser um futuro cliente. Simpático? Sempre. Apresentável? Todos os dias. Disponível?.... Amigos, este homem tem uma missão e todas as prioridades vão para os moradores porque... ele é o Homem do Condomínio!
"tam, tam... tam, tam, tam, tam..."

Um dia pode parar. Um dia talvez pense em família. Talvez em casa própria. Mas por agora, terá de continuar a ser o menino da mamã, incompreendido por todos e disponível só para alguns.
Ele é o ...
Homem do Condomínio!!!!
"tam, tam... tam, tam, tam, tam..."

sexta-feira, novembro 07, 2008

Birra

Quero mimos...
Quero que os desafios adormeçam por dois ou três dias.
Quero não ter nada para fazer e poder sentar-me para ler o dia todo.
Quero ir dançar!
Quero matar saudades das pessoas de quem gosto e não vejo há tanto tempo.
Quero ir para casa!!!!!!

E agora, que já me atirei ao céu a espernear, vou tentar trabalhar um pouco, que hoje isto não está fácil!

quinta-feira, novembro 06, 2008

Lita...

O maridão, após conversa profunda e melancólica, decidiu que vai passar a chamar-me Lita, o nome de infância, que eu adoro. Por isso, ontem, assim que cheguei a casa, ouvi milhares de vezes o mesmo.
Ele - Lita?
Eu - Sim?
Ele - Onde vais guardar isto?
Eu - Podes pôr em cima da cama que já arrumo.

Ele - Lita?
Eu - Sim?
Ele - A que horas sais de casa amanhã?
Eu - Ainda não sei... devo ter umas seiscentas horas a mais para gozar...

Ele - Lita?
Eu - Sim?
Ele - Nada. É só para treinar o nome...
...

quarta-feira, novembro 05, 2008

Outro dia...

... de reuniões chatas e demasiado longas. Sinto-me exausta. Quase que sinto saudades de trabalhar....

terça-feira, novembro 04, 2008

Ainda sobre bolachas...

Há coisas que continuam a surpreender-me, como se o mundo fosse um bicho novo e cheio de novidades... ora reparem.

Ontem comprei um pacote de bolachas que acho deliciosas, e ao arrumá-las, começo a ler os ingredientes, que passo a citar:
"Farinha de trigo, recheio de fruta, estabilizador, sumo de maçã, amido, canela, passas, açúcar, gordura vegetal, dextrose, leite em pó gordo, sal, levedantes químicos, aroma."

Até aqui tudo bem, apesar dos nomes assustadores dos ingredientes com que fazem as coisas que comemos. Mas eis que, em baixo, em letras mais cheias aparece:
"PODE CONTER: OVO, AMENDOIM, SOJA, FRUTOS DE CASCA RIJA, SÉSAMO"

????

Pode conter????? Supostamente não contém ou, imagino eu, viria nos ingredientes. Pode conter???? Género, hmmmm, vamos fazer as bolachas num dos recipientes já usados para outra coisa qualquer? Ou, hoje estou aborrecida, vou variar e colocar-lhe nozes? ou, upppps, lá deixei cair 3 ovos lá para dentro? Ou, hmmm, isto hoje ficou um bocado líquido. Pode ser que a soja melhore a massa...?
Pode conter????

Sim, deve haver alguma explicação plausível, até porque não é a primeira vez que me deparo com uma coisa destas. Agora que não me convencem... não me convencem!!!!

segunda-feira, novembro 03, 2008

Bolachas saudáveis

Ao telefone, depois dela ter comigo meio pacote de bolachas.
K. - Estas bolachas de chocolate estão a dar-me uma enorme dor de barriga.
Eu - É normal, já comeste quantas?
K. - Quase meio pacote.
Eu - O que é que estás à espera?
K. - Oh! São bolachas de chocolate muito saudáveis!
Eu - Bolachas de chocolate muito saudáveis????!!!!
K. - ... são. Olha, deixa cá ver os ingredientes. ... Têm triguinho... saudável!!!!

Fantasmas de mim

Assim que passo a ponte, o volante guina-se suavemente para a direita, como se não fosse eu a autora do acto.

Vou devagar. A meu lado, descalça, caminhando pela estrada, que em dias mais quentes queima a planta dos pés, o fantasma dela segue serenamente.

Coincidentemente, os lugares estão ambos vazios. Havia um tempo em que ela tinha de colocar grades vazias, para permitir que as pessoas chegassem ao quiosque.

O silêncio reina, quando desligo a chave. Olho para o pátio. Agora ela saí pela porta da frente, observando a estrada. O olhar atravessa-me, procura um vislumbre da natureza, por entre os dois prédios da frente. Houve um tempo em que eram apenas casas com telhados pontiagudos.
Senta-se no sofá laranja, e suspira, antes de abrir o caderno de capa preta, para rabiscar coisas que não consigo ler, mas sei o que são.

Desvio o olhar. Subo a passadeira, achando que não me seguirá. Mas ali está ela, sentada, no lado esquerdo, ainda a escrever. Desço para a praia, e inspiro a brisa salgada, as baterias a carregarem a uma velocidade vertiginosa, as emoções a aflorarem entre um misto de euforia, saudosismo e identificação. As lágrimas surgem, mas não descem, ficam suspensas entre quem fui e quem sou, reconhecendo que a matéria é a mesma, mas que a forma é totalmente diferente.

Sento-me, os dedos enterram-se nos grãos de areia e ela continua por ali. Mergulha sozinha e nada até quase não ser vista, apanha conchas, grita como uma louca, de braços abertos, chora desalmadamente deitada a meu lado, raspa a areia à luz das estrelas, só para a ver reluzir, embala-se nos sonhos mais profundos. Se sabe que ali estou, finge não me ver. Mas não sei ao certo se o sabe...

Quando regresso, continua ali, sentada no banco, olhando um por do sol que eu não vejo, esperando as estrelas e os sonhos. Deixo-a lá.

"És apenas um fantasma." - murmuro.

Sou bloqueada por uns braços que me olham com comoção, como se o fantasma fosse eu.
- Lita! - diz a vizinha Inácia. - O meu coração deu um salto quando te vi subir a passadeira. Nem queria acreditar que eras tu.

Abraço-a, enquanto o nome carinhoso me ecoa por todo o corpo, o conforto da infância, a segurança das ligações eternas, as noites dos jogos, as fogueiras, as escapadelas pela janela e a dança. As intermináveis noites de dança "em frente à água".

Não és um fantasma. És feita da mesma matéria que eu, tal como esta areia, esta brisa salgada, a estrada demasiado estreita para tantos carros, mas que não deixa de ser concorrida por causa disso. Eu é que te abandonei, porque doía demasiado. Ainda dói um bocadinho. Mas és parte de mim. E eu quero-me inteira.

Refreshed

Nunca é suficiente.
Até porque aquilo que se procura já lá não está, ficou algures, preso no tempo e no espaço.
De qualquer modo respira-se.
Amacia a pele, abre sorrisos, faz brilhar os olhos.
E depois regressa-se.
O coração murcho, mas a alma inteira.