sexta-feira, dezembro 28, 2007
Vida: manual de instruções?
Houve outras coisas que não me disseram e que me surgem no caminho, das formas mais mirabolantes possíveis.
Não me disseram que não existem príncipes encantados, ou livros de reclamações para emoções não validadas. Não me disseram que eu própria poderia construir o castelo dos meus sonhos, sem esperar que me viessem buscar num cavalo branco, mas que, ainda assim, deveria ter cuidado, pois correria sempre o risco de me sentir uma prisioneira lá dentro.
Não me disseram que, mesmo quando tudo parece correr bem, o coração pode discordar e fazer-nos sentir absurdos e marginais dentro da nossa própria vida.
Não me disseram que magoar alguém pode ser mais doloroso do que ser-se magoado. Que quando estamos sós, ansiamos estar com alguém mas, quando estamos acompanhados, podemos ter saudades de nós.
Não me disseram que podemos ansiar pela tranquilidade e pela harmonia, mas que o mais importante de tudo é RESPIRAR!!!!! Que a paz de espírito pode surgir ao anoitecer, no calor de uma lareira e de um copo de vinho tinto, ou a fazer bungee-jumping no meio de sítio algum, e sem qualquer plano para o momento seguinte.
Não me disseram, talvez, para eu aprender, ou para me lembrar! Não me disseram, provavelmente, porque também não sabiam. Ou porque cada vida tem um manual único, não é universal.
"Faças o que fizeres, não desistas de ti!" Isto disseram-me hoje. Eu já sabia disto, claro. Apesar de nem sempre me lembrar. Mas, de uma forma estranha, fez toda a diferença. Será a minha primeira regra no manual de instruções.
quarta-feira, dezembro 19, 2007
terça-feira, dezembro 18, 2007
Sobre a entrega
Porque razão as mulheres têm mais dificuldade em se entregar quando nos entregamos nós a elas?
É uma probabilidade que aconteça... não me parece maior do que acontece aos homens. Mas nas mulheres, quem sabe, nota-se mais. Porque somos mais emotivas, expansivas, dramáticas, talvez... E porque a entrega tem a ver com o quê, afinal? Com o corpo, a alma, o pensamento? O medo? Às vezes a entrega dá-se onde menos se vê.
Ou porque somos loucas e não sabemos o que queremos? Porque um homem real não é tão interessante como um homem imaginário, distante, indisponível? Porque existe um arquétipo do amor romântico que, afinal, não completa a nossa vida, nem trás livro de reclamações e, por isso, a entrega dá medo da desilusão? E entregar-se-ão, alguns homens, às mulheres que se entregam a eles?
Recordo-me da altura em que entreguei tudo o que tinha a um homem em quem confiava. E quando assisti à sua não entrega, o quanto isso ruiu o meu mundo! Mas, quando fiquei pronta a olhar para trás percebi que a minha própria entrega pode não ter sido tão grandiosa, tão visível aos seus olhos. Se faria algumas coisas diferentes? Provavelmente. Se não lhe entregaria a minha alma? Claro que o faria!!!!
A verdade é que na maioria das vezes, vivemos no medo. E isso impede-nos, pura e simplesmente, de ver o outro. Somos nós que nos magoamos a nós próprios.
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Amor
O fim de semana aterrador de vê-la chorar com dores de barriga, vomitar o pouco que comia, dormir muito pouco, passear-me pela casa com ela ao colo, cantando músicas do "Jesus Christ Superstar" que, sabe Deus porquê, ela adora.
Aconchegá-la, fazer-lhe massagens na barriguinha, convencê-la a tomar os remédios, contar-lhe histórias...
E num dos instantes de calma, estando ela ao meu colo, quieta,parecendo adormecida, chega-se perto do meu ouvido:
- Sabes, mamã, gosto tanto de ti!!!!
Existirá no mundo sentimento melhor do que aquele que me invadiu? Tenho sérias dúvidas!!!!!
sexta-feira, dezembro 14, 2007
Locais sagrados
O local onde cresci, onde brincava aos piratas no "Pouca Sorte", o mar que me trazia sempre tranquilidade, o céu mais brilhante e onde vi passar centenas de estrelas cadentes. O banco verde onde escrevi os meus primeiros poemas, onde confessei alguns dos meus segredos, onde chorei lágrimas solitárias, onde beijei a paixão da minha vida.
Há momentos em que tenho saudades, vontade de caminhar na areia, deixar passar entre os dedos os grossos grãos, sentar-me à beira-mar. Respirar o silêncio pontuado pelos aviões ali tão perto.
Olho para lá e não vejo nada de extraordinário. Já tentei replicar a experiência em milhares de outros lugares, alguns imensamente mais lindos, mas não é igual. Ali, nada é extraordinário a não ser a identificação,a sintonia, a essência que habita em mim e que pertence, também, àquele lugar.
"O nosso tesouro está onde está o nosso coração."
quinta-feira, dezembro 13, 2007
Storm
Estou de greve mental!!!!
Se sou instável? Claro? Se o mundo é mais intenso do que a ficção? Qual é a dúvida?
Ok, era mesmo só para desabafar!!!!!
segunda-feira, dezembro 10, 2007
Prémio II
Aproveito por isso, para voltar a deixar a mensagem para os meus "antigos" premiados, que não levaram o prémio.
Olavo - http://comentariosdepassagem.blogspot.com/
Carol - http://nomeiodosbifes.blogspot.com/
Sandra -http://palavras-a-fio.blogspot.com/
Mia - http://mia-amigos-e-companhia.blogspot.com/
Direitos Humanos: um "pequeno" grande pormenor
Prostituta e toxicodependente, a mãe dela deixou-a, desde os 25 dias, ao cuidado dos avós. Por isso, até aos 5 anos, a Ana conheceu o calor de uma cama, o conforto de um colo ou de um beijo, o prazer de uma refeição quentinha e saborosa.
Com um novo casamento e dois filhos, a mãe da Ana veio buscá-la com essa idade e os avós, que não tinham regulado a situação em tribunal, nada puderam fazer. Mais tarde, houve quem ouvisse a mãe da Ana justificar a presença da filha lá em casa como mais um aumento do Rendimento Social de Inserção.
Talvez a Ana a fizesse lembrar o seu passado. Talvez não gostasse dela. Talvez se portasse pior do que os irmãos. Talvez tantas coisas...
A Ana apareceu na escola muitas vezes marcada, antes de ser sinalizada à Comissão de Protecção de Menores. Às vezes, a mãe cortava-lhe o cabelo curtinho, "só porque sim". Não a deixava tomar banho de água quente, apesar de todos os outros o fazerem lá em casa. Não lhe comprava material escolar, tendo os avós que o fazer.
Os técnicos intervinham, mas o tempo passava, a mãe da Ana prometia melhorar algumas coisas e jurava que tantas outras eram mentira dela, para ir para os avós "que tinham mais dinheiro".
A Ana comia restos e dormia no chão. Houve muitas outras coisas, que só se soube mais tarde, porque a Ana não contava tudo.
A Ana tem 13 anos, neste momento. Fugiu de casa aterrorizada, depois do padrasto a ter tentado violar várias vezes, e finalmente foi colocada na casa dos avós. A mãe continua a dizer que é tudo mentira. Quem olha a fundo para os seus olhos tristes sabe que não. Que é tudo verdade...
Este é um dos milhares de casos que temos entre nós. Só para recordar os direitos das crianças.
Em 20 de Novembro de 1959, a ONU fez a Declaração dos Direitos da Criança, com 10 artigos:
1- A criança deve ter condições para se desenvolver física, mental, moral, espiritual e socialmente, com liberdade e dignidade.
2- A criança tem direito a um nome e uma nacionalidade, desde o seu nascimento.
3- A criança tem direito à alimentação, lazer, moradia e serviços médicos adequados.
4- A criança deve crescer amparada pelos pais e sob sua responsabilidade, num ambiente de afecto e de segurança.
5- A criança prejudicada física ou mentalmente deve receber tratamento, educação e cuidados especiais.
6- A criança tem direito a educação gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares.
7- A criança, em todas as circunstâncias, deve estar entre os primeiros a receber protecção e socorro.
8- A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono e exploração. Não deverá trabalhar antes de uma idade adequada.
9- As crianças devem ser protegidas contra prática de discriminação racial, religiosa, ou de qualquer índole.
10- A criança deve ser educada num espírito de compreensão, tolerância, amizade, fraternidade e paz entre os povos.
sábado, dezembro 08, 2007
Direitos Humanos
O Sam deu origem à Campanha.
Tudo o que é necessário é um texto sobre o assunto e a nossa energia colectiva. No blog dele, está toda a informação.
Vamos entrar?????
sexta-feira, dezembro 07, 2007
A frase da minha vida
Eu sei que nasci com um ar confiante, que quase nunca reflecte o interior, e que o facto de olhar para a frente e não para baixo, apelida-me, muitas vezes, de arrogante.
Eu sei que olho os outros directamente nos olhos, porque gosto de encarar a alma por detrás de cada ser que encontro nestas passagens.
Eu sei que tenho alguma dificuldade em me fragilizar, embora tenha cada vez menos, e que não suporto sentir-me uma vítima. Que prefiro responsabilizar-me pela minha própria vida, ainda que por vezes seja imensamente doloroso.
Mas quando dói, quando me perco no meio das situações, quando não me apetece levantar da espada e ir em frente, e me dizem "TU SUPERAS TUDO", há um sorriso amargo no meu ser. Uma ironia por detrás desta trama,um castelo que eu construí e que não parece destruível.
Eu não supero tudo.
Eu tenho muitas vezes medo, acho que não estou à altura dos acontecimentos. Eu nem sempre sei o que quero. Desejo tantas vezes que tomem conta de mim, apesar de saber também que quando o tentam fazer, luto contra isso com todas as minhas forças.
Não sou mais forte do que ninguém. Se calhar, a diferença,é que também acho que não sou mais frágil do que ninguém.
Mas, definitivamente, não gosto que me digam "tu superas tudo".
quarta-feira, dezembro 05, 2007
Grrrrrr!!!!!
terça-feira, dezembro 04, 2007
O melhor elogio
Assim que me viu, sorriu e, meio envergonhada, veio abraçar-me. Ali estava aquela mulher de 21 anos, crescida, a perguntar-me como é que eu estava e onde trabalhava, agora.
Foram dois anos especiais, aqueles em que eu e a V. criámos o "grupo de raparigas" onde, semanalmente, nos reuníamos por duas horas, para "falar da vida".
- Crescer é difícil. - disse-me enquanto limpava a bancada. - Hoje percebo que aqueles tempos não eram tão maus assim.
- Tens estado com as outras? - pergunto.
- Sim, muitas vezes. Falamos muito de como éramos e de como cada uma seguiu uma vida diferente. Mas sabes, há uma diferença entre nós e as outras raparigas da nossa idade. É que por mais difícil que a vida seja, nós conseguimos sempre saber o que é que estamos mesmo a sentir e decidir de acordo com isso, sem culpar ninguém. Isso aprendemos contigo e com a V.
Olho novamente para aquele menina-mulher com os olhos cheios de lágrimas, tentando perceber se ela tem noção de que acabou de me dar o maior elogio que eu recebi e, provavelmente, que receberei para o resto da minha vida. Sei que não tem essa noção. Mas agradeço à vida poder ter passado na vida dela, um dia, e ela na minha.
quinta-feira, novembro 29, 2007
Vidas
Ela não fez qualquer comentário e resolveu a dissonância dentro dela começando a tratar-me por "a noiva do N.". Depois disso, vi-a mais 4 ou 5 vezes. Sempre amável e, depois de puxar conversa, com uma lágrima no olho, fruto de uma vida que não correu como esperava.
Não casou com o homem que mais amou, depois do marido falecer começou a passar dificuldades, para além do filho toxicodependente que ela se recusava a abandonar e a quem dava todo o (pouco) dinheiro que tinha. Se não a mãe a ficar com ele, quem mais o fará? A saudade dos netos é que a desgastava.
Criou o N. como uma mãe, e por isso ele lhe chamava carinhosamente Avó Isabel. Achamos que ela finalmente está em paz. Provavelmente, esta era a única forma de o conseguir, pois o cansaço da vida que levava estava de facto a matá-la. E conseguiu fazê-lo.
Gosto de pensar que ela olhou para a sua vida e viu momentos de ternura, de amor, alegria. Que não se arrependeu das suas escolhas. Que encontrou um sentido. Dói menos.
Foi amada e não será esquecida.
segunda-feira, novembro 26, 2007
O outro lado da moeda (again)
Levanto-me e, ao chegar à cozinha, a aberrante visão de uma montanha de louça para lavar!!!
"Porra!"
Enfureço-me. Discuto com o N, não para o culpar (ele nem esteve em casa ontem), mas para extravasar. Chamo o L. e dou-lhe uma descompostura das grandes. Se eu cozinho, eu não lavo a louça e este TEM de ser lavada. Entendidos? Ele começa a lavar a louça.
Saio porta fora a pensar porque é que uma pessoa acorda bem-disposta a uma segunda-feira de manhã para ter de encarar coisas destas.
Estranhamente, vem uma resposta diferente das habituais.
"Porque TENS uma família. Porque cresces dentro desse ninho, com as bençãos e responsabilidades próprias desse estado. Porque ela é a portadora dos teus maiores desafios e é por isso que se chama Família. Os teus maiores desafios estão ao teu lado, para mais facilmente os poderes ver e ultrapassar."
Resposta estranha e sábia. Algo mudou por aqui. Ainda não sei definir, mas sinto-me novamente bem-disposta. E a louça ficou lavada.
domingo, novembro 25, 2007
True Love
Entusiasmado, ansioso, feliz,vestiu a sua melhor roupa e caminhou até à noite mágica.
A primeira vez que saía, nada podia ser desperdiçado. E ali estava ela. A razão da sua existência. A rapariga mais bonita da escola. Olhava-a de soslaio, envergonhado, enamorado, sonhador.
"Black magic woman", a música que tanto gostava, nos Top's, na altura. Encheu-se de coragem e convidou-a para dançar. Era uma noite mágica. Ela aceitou dançar com ele.
Senti-la nos braços, ao som da sua música preferida. Cheirar o seu cabelo, sentir a maciez da sua face. Existem instantes que duram para sempre. E ainda assim são curtos demais.
A música acabou e levou-lhe a sua amada. Ele não era popular, tinha uma bicicleta. Outros tinham motas, ou carros.
E 40 anos se passaram.
Um dia, algum tempo depois do seu divórcio,trabalhava no escritório quando, na rádio, se ouve o som de "Black Magic Woman". Parou o que estava a fazer. Cada acorde trazia a sensação de a ter nos braços,o coração afogueado, o cheiro do seu pescoço. O amor puro e forte que sentia por aquela rapariga. A emoção do primeiro amor.
Resolveu ligar-lhe. Conseguiu o número através do liceu. Falaram duas horas e meia ao telefone. Combinaram encontrar-se. E, desde esse encontro, nunca mais se separaram.
Ele viaja muito a trabalho e ela acompanha-o. Quando não o faz, o reencontro é cheio de abraços, beijos e risos.
Quando olho para eles, não me é difícil ver um menino de 17 anos completamente apaixonado pela rapariga mais bonita da escola. E o olhar de admiração e amor que ela lhe oferece aquece o coração de qualquer um. Vê-los é uma prova de que tudo é possível.
sábado, novembro 24, 2007
Coaching
Fizemos um jantar, onde só puderam estar algumas pessoas, mas com a feliz coincidência de poderem estar presentes os formadores, que não vivem no país. Senti uma alegria imensa por, naquele grupo, não existir o factor tempo (coisa que só sinto num número especial de amigos). Era como nunca nos tivéssemos afastado. Foram 5 horas de intensa alegria, conversas interessantes um verdadeiro e profundo afecto por todos.
E ouvir o Manfred, um ser humano magnífico, com um coração do tamanho do mundo. E sua simplicidade, sabedoria e alegria. Uma daquelas pessoas que, sem dúvida, causa aquele desejo... "quando for grande,quero ser como ele!"
Nele, é fácil recordar a filosofia do coaching.
O cliente tem as respostas.O coach, as perguntas.
quinta-feira, novembro 22, 2007
New Shopping in town
Já tinha visto coisas equivalentes, mas ainda assim, fiquei boquiaberta. A febre do Natal faz mal aos comerciantes,definitivamente. É que abriram um Centro Comercial que está, literalmente, em obras. Os elevadores ainda não funcionam, 80% das lojas está fechada, o chão está sujo de cimento, tinta e sabe Deus que mais. Polícia ali à volta,porque,com as obras na estrada, e os camiões de mercadoria à mistura, o trânsito está um caos.
No meio da minha incredulidade e sentido crítico, recordei que há um equilíbrio em tudo, só temos que o procurar.
:) Ali estava o outro lado da moeda, o lado positivo da coisa. Uma FNAC linda, enorme e cheia de coisas maravilhosas, mesmo pertinho da minha casa!!!!!
Isto de olharmos para o lado bom tem que se lhe diga!!!!!
quarta-feira, novembro 21, 2007
Prémio Inesperado!!!! :)
Agora, há que seguir as regras indicadas:
2. Atribuir o prémio a 7 blogs que considere "até não são mau blogs" ... para mim são fantásticos, e uma companhia diária!
segunda-feira, novembro 19, 2007
Animais de Palco
Uma girafa e um macaco apaixonados. Um leão e uma hipopótamo muito especiais. Uma gata muito sexy.
O amor, a salvação do planeta e muita música.
Finalmente fomos ao teatro com a princesa. Adorou. Os olhos brilharam do início ao fim. Batia palmas com todo o corpo, cantou com os "bichos". Quase chorou quando as personagens se zangaram.
- "Mamã, amanhã vai ser tudo "difente"!
À noite, pediu-me a história dos animais e perguntou-me se podíamos comprar o filme....
É tão fácil fazê-los felizes...
Para dizer a verdade, fez-me feliz a mim também. Valeu a pena ver a peça. Muito humor, inteligência, e a versão mais sexy de todos os tempos da canção "Ao passar a ribeirinha".
A não perder mesmo!
sexta-feira, novembro 16, 2007
Espiritualidade humana
Considero-me um ser espiritual, desde que se entenda que não acredito numa espiritualidade que não abarque a minha humanidade.
Procuro o melhor de mim, um ser mais sábio que me habite e me indique quais os caminhos a seguir, quais as respostas reais aos desafios que me são colocados. Mas gosto de ser humana. Gosto de ter um corpo, um rosto. Gosto de sentir a água na pele, quando tomo duche, gosto do sol que me aquece. Gosto de vivenciar emoções, confesso que não só as boas. Procuro intensidade em quase tudo.
E não, não gosto de me sentir só, desamparada, culpada ou inútil. Mas isso também sou eu, em alguns momentos, e não acredito que essa parte de nós esteja fora de Deus, tenha essa palavra o significado que tiver, para cada um.
Por isso não quero, não quero que o melhor de mim seja apenas o sorriso, a compreensão maior, a sabedoria que não abraça as lágrimas. Não quero que o exemplo de quem sou seja apenas aquilo que faço "bem", perfeito, sem mácula. Quero que o exemplo de mim seja a minha humanidade, as entregas em que dou luz e alegria, e aquelas em que me escondo, me enrolo sobre mim mesma e peço ajuda. Porque ainda assim, faço aquilo que consigo. Porque ainda assim, é o melhor de mim, naquele instante. E isso é tão espiritual como outra coisa qualquer.
segunda-feira, novembro 12, 2007
1º livro, página 161, 5ª Frase Completa
"As etiquetas nos cestos ou caixas com um exemplar, uma figura ou uma fotografia podem ajudar as crianças mais velhas a arrumar os brinquedos naqueles dias em que esvaziaram todas as caixas."
Educação de Bebés em Infantários, Jacalyn Post e Mary Hohmann.
Formação a quanto obrigas.
Passo o desafio à Joana, à Carol e à Sayuri.
1º) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2º) Abra-o na página 161;
3º) Procurar a 5ª frase completa;
4º) Postar essa frase no seu blog;
5º) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6º) Repassar para outros 5 blogs.
Gosto...
domingo, novembro 11, 2007
Mãe leoa
Ontem chegámos lá e não havia bilhetes. Comprámos os últimos para hoje.
Bolinha de Sabão, o nome da peça. A filhota estava excitadíssima, era a sua estreia no teatro. A mãe e o pai não lhe ficavam atrás.
Mas havia uma corrida de atletismo. Até aqui, tudo bem. O problema é que, na manhã de Domingo, para quem mora onde eu moro, não se saiu de casa. Três saídas diferentes, cortadas todas ao trânsito, deixando os carros a andar em círculos e sem poder sair. Se fomos avisados com antecedência? Não. Mesmo que fossemos, o que nos diriam? "Não saiam de casa no domingo, porque não há saídas possíveis para automóveis?"
De facto,há coisas que não entendo.
E enquanto regressávamos a pé para casa - com o carro estacionado num local qualquer, às 11h25, com a miúda a chorar desalmadamente por não ter ido ao "teato", eu rezava para que ninguém se dirigisse a mim,porque as garras estavam, definitivamente de fora. Naquele momento, se eu apanhasse um político, um polícia - ou mesmo um atleta - tinha-lhe arrancado os olhos à dentada.
quinta-feira, novembro 08, 2007
...
Não senti frustração, nem fiquei irritada, nem me senti traída por mim mesma. É verdade quando disse que regressei de olhos abertos.
Ainda assim, e por te ter sonhado antes de te conhecer, e sonhar-te ainda, quando já és um desconhecido, houve um suave embalo na minha alma... conforto ou desalento?
Já não sinto a tempestade do teu ser na minha presença. Às vezes, porém, na suave brisa do vento, ainda te consigo inspirar. Curioso...
terça-feira, novembro 06, 2007
segunda-feira, novembro 05, 2007
Silêncio, se faz favor!!!!
Permiti-me isso, a não elaboração mental (à qual, modestia à parte, sou muito boa!!!!). Abandonei por umas horas as explicações que me dizem tudo, me enquadram cada instante da existência, sem no entanto mostrar nada, pois o que se sente não tem explicação.
Fácil? É fácil abandonar a cana com a qual se apanha mais peixes? Não foi.
Ainda assim, silenciei-me com intenção.
E não sei se regressei mais inteira. Julgo que sim. Sei que regressei com os olhos abertos. Não me tinha apercebido, sequer, que os tinha fechados....
sexta-feira, novembro 02, 2007
Retiro
segunda-feira, outubro 29, 2007
O Poço das Sombras
Saiu ainda há pouco, mais um daqueles livros que me leva para fora do tempo e do espaço, me faz esquecer do mundo lá fora e me acende uma pequena e (des)conhecida chama.
Memórias de fada? Alma de adolescente?
Talvez, mas faz-me sonhar e sorrir... e eu não resisto a nenhuma das duas coisas.... :)
sexta-feira, outubro 26, 2007
O elo quebrado
Se era fácil? Não. Ele tivera sempre o dom de viver perigosamente. Onde havia sarilhos, ele seguia o rumo.
Ela não. Era mais calma, serena. Abria-lhe os braços e escondia-o do mundo, quando tudo parecia dolorosamente insano.
Ela conhecia-lhe os pesadelos nocturnos, os pensamentos mais obscuros. Sabia ler-lhe as entrelinhas, os silêncios profundos, as fugas à realidade. Estava com ele. Amava-o. Sabia que o amor era construído assim, entre risos e lágrimas, entre sonhos conjuntos, degrau a degrau.
Existia um elo. Invisível para os outros? Talvez, mas ela sentia-o em cada instante em que os seus olhos pousavam nele.
Um dia ele partiu. Outro amor, outra aventura, outro perigo. Ela ficou. Só, destroçada. Irreconhecível.
Levantou-se. Mudou de casa. Mudou de vida. Ainda o sentia na pele, no bater do seu coração. Esperava que ele regressasse, como nos dias em que lhe abria os braços. Existia um elo invisível. Conheciam-se há 20 anos. Conheciam-se.
Ela fez anos. Passara os últimos 11 aniversários junto a ele. Só a ele. Existia um elo que era só dos dois. O telemóvel foi dando os apitos das habituais mensagens de parabéns. Agarrava cada uma delas como uma esperança, que se convertia em desilusão. O dia passou.
Despertou no dia seguinte com um "bip". Agarrou o telemóvel. Mensagem dele.
"Preciso que vás ao tribunal. Há lá qualquer coisa marcada, mas não consigo perceber o que é. Agradeço imenso. Adeus."
Fechou os olhos, rindo, para não chorar. Às vezes, não existia absolutamente nada.
Quase perfeito...
Passear pela Baixa de Lisboa.
Comprar um livro.
Ir ver o rio.
Ouvir-me.
Receber um elogio.
Ir beber um copo à noite, mesmo que seja a meio da semana.
Dormir depois de uma conversa intemporal.
Levantar-me com um sorriso.
Passar a manhã na Serra de Sintra, respirar a vida, re-criar-me.
Almoçar a salada mais deliciosa do mundo...
Encontrar uma amiga que não via há muito.
Deitar-me cansada e feliz.
...
E voltar hoje para o trabalho....
terça-feira, outubro 23, 2007
Parabéns!!!
Assim foi contigo. Tínhamos... quê? 12 anos? Faltámos à aula de educação musical porque tu estavas a chorar... e desde então nunca mais deixámos de chorar ou rir juntas...
Iniciámos uma conversa, nesse dia, e tenho a sensação de que quando nos encontramos pura e simplesmente a retomamos, ainda que por carta, telefone, ainda que não nos tenhamos visto nos últimos meses. Acho que os melhores amigos se reconhecem assim... :)
De qualquer modo, sei que foi um ano difícil... sei que perdeste tudo... sei que te tentas reerguer com uma dignidade que causaria inveja a muitos. A mim causa-me admiração e alegria por partilhar contigo esta história.
Sei que o sabes, minha amiga, mas as pessoas têm o estranho hábito de poupar nas palavras e nas emoções. Por isso, o quero dizer... GOSTO MUITO DE TI!!!!!!!
Parabéns e que os 32 sejam o princípio de uma nova e esplendorosa vida!
segunda-feira, outubro 22, 2007
Cansaço
Ando a sentir isso demasiadas vezes....
sexta-feira, outubro 19, 2007
Sobras
Indefinições
Ao longo dos anos apercebi-me, porém (e talvez seja defeito de profissão) de que nada é definitivo, muito menos as definições. Nada é absolutamente bom, ou absolutamente mau. Não existem escolhas certas ou erradas,mas sim pesos na balança de cada um de nós, que pendem para um lado ou para outro.
Apercebi-me de que as coisas que pedimos nem sempre estão alinhadas com as que queremos. E mesmo as que queremos, podem ser fruto do anseio do coração do adulto, ou da carência profunda da criança em nós. Tão ténue é a linha da separação. Julgo-me tantas vezes por não a conseguir discernir.
Faço o que posso para respeitar a alma em mim. Permito-a sentir, expressar-se, ainda que, por vezes, sem voz. Hoje,não me apetecia fazer isso. Apetecia-me não me preocupar com os anseios ou as carências, as ilusões ou as mentiras. Viver como se não existisse amanhã. Será que me daria ao trabalho de pensar tanto?
quinta-feira, outubro 18, 2007
Às vezes...
Às vezes queria abrir a boca para deixar sair o chorrilho de palavras não ditas, emoções não assumidas, gritos presos no fundo de mim.
Mas não chega.
Às vezes precisava que o outro me ouvisse, mais do que qualquer outra coisa. Precisava de ser validade pela presença de quem me dissesse: "Estou aqui. Também lá estive. Foi real."
Precisava que as minhas fantasias tivessem ecoado em alguém. Que o sonho fosse partilhado, para poder deixá-lo partir...
O sacana do Neptuno anda aí, tenho a certeza!!!!!!
O "poblema"
- Se precisares de alguma coisa, estou mesmo aqui ao lado.
30 segundos depois.
- Mamã, se eu tiver um "poblema", posso ir para a tua cama?
- ... Sim, podes. Até amanhã.
30 segundos depois.
- Mãe... tenho um "poblema". Ainda não consegui dormir nada.
Sem comentários.
quarta-feira, outubro 17, 2007
O pescador
- O ti Vicente tem mão d'ouro, para onde manda a cana, é onde eles fazem a festa.
Aqueles homens, enfiados nos gorros de lã, camisas de xadrez em flanela e botas de borracha até ao joelho, pareciam-lhe mais fortes do que os herois dos quadradinhos. Todos os dias enfrentavam o gigante azul, em busca de sustento para a família. Onde existiria maior nobreza?
Foi numa tarde ventosa de Novembro que o barco encalhou na rocha e se virou, jogando os homens ao Mar e, juntamente com eles, o pequeno Vicente, que decidira acompanhá-los.
Não houve perdas, nem feridos. No entanto, os segundos sentidos como anos, passados a esbracejar, para depois vir ao de cima e encontrar o barco virado sobre a sua cabeça, enclausurando-o na mais completa escuridão, encheram de terror o pequeno, que se convenceu de que morrera, antes dos braços fortes do ti Vicente o resgatarem da água e do pesadelo.
A partir desse dia jurou que não morreria no mar e não mais se aproximou deste, dos barcos de pesca ou das camisolas do padrinho. Ouvia as histórias dos homens,mas longe da praia.
A pesca era agora um sonho longínquo, como aqueles dos colegas de escola, que queriam ser astronautas, sabendo de antemão que não passariam do 6º ano.
Passaram-se os anos e Vicente tornou-se um homem. Saiu da escola e foi trabalhar com o pai, na loja de ferragens,seguindo as pisadas dos dois irmãos mais velhos. Era um bom trabalho, honesto, simples, sem a instabilidade da pesca ou dos mares de Inverno. Então, porque é que o seu coração, às vezes, parecia tão vazio que quase não o sentia?
Visitou o ti Vicente, que já não ia ao Mar há muito, num Verão quente e seco, daqueles em que a chuva viaja para longe sem bilhete de regresso. E o pedido do velhinho comoveu-o.
- Leva-me a ver o Mar, filho. Sabes que sozinho já não consigo.
Vicente agarrou no padrinho cambaleante, envolveu-o nos seus braços fortes e, em curtos passos, caminharam até à rocha,de onde se via o Mar.
Foi um instante em que ele olhou para cima, seguindo o voo das gaivotas. Baixou a cabeça e o ti Vicente desaparecera. Caíra, atirara-se, voara? Debruçou-se e viu o velhote esbracejando, a cabeça surgindo entre a espuma branca, numa busca desesperada de ar.
Vicente jogou-se de cabeça, sem se preocupar com nada que não aquele velho ti Vicente, que lhe iluminara a infância.
Ajudou-o o chegar à areia. Vinham os dois sorrindo. Teria o velho feito de propósito? Vicente não o poderia saber? Aquele mergulho, porém, trouxera de volta os seus sonhos.
Hoje sinto-me assim...
segunda-feira, outubro 15, 2007
terça-feira, outubro 09, 2007
Revolvio
Porque fue suficiente
hablarle con los ojos desde allí.
Si en ese mismo instante
su vida era tranquila y feliz,
la vino a revolver con bollitos y miel
Mareas en la tierra,
el cielo iba cubriéndose de gris.
Porque salió el torrente,
el miedo y las ganas de sentir.
Y quiso saborear la masa de su pan.
Revolvió su calor con su voz,
con leche y azúcar se lo dio a beber.
Bordeó el corazón la razón con unos besos de ron y miel.
Horneó con su aliento su pelo,
y caramelo parecía al terminar.
Y quiso saborear la masa de su pan.
Escríbele canciones,
envíale tu voz donde él esté.
Vagando por su almohada
le vino a visitar en sueños él.
La vino a revolver y se dejo hacer.
Estampidas en la tierra,
el cielo iba tiñéndose marfil.
Porque brotó el torrente,
el verbo y las ganas de sentir.
Y pudo saborear la masa de su pan
Él revolvió su calor con su voz,
con leche y azúcar se lo dio a beber.
Bordeó el corazón la razón con unos besos de ron y miel.
Horneó con su aliento su pelo,
y caramelo parecía al terminar.
Y pudo saborear la masa de su pan
Vida
Dito assim, até parece simples, não é? :)
quinta-feira, outubro 04, 2007
Ai, Portugal, Portugal...
Mas quando temos a filha pequena doente, acordamos de madrugada para marcar a estúpida consulta no Centro de Saúde (se é uma urgência,porque raio temos de nos levantar de madrugada para marcar a consulta ao longo do dia? É uma urgência!!!!!) e nos dizem que, como não sabem se o médico vem ou não (ele tem o hábito de faltar ao trabalho sem avisar!!!!????) não marcam consultas, até porque não há outros médicos para urgências....
- Ligue por volta das 13h30 e já sabemos se ele veio ou não. Depois,se houver vaga, marca.
???? O que raios é isto?
E pedem-nos para ir ao Centro de Saúde antes de ir ao hospital....
O mais triste é que um telefonema para a pediatra (aquela a quem pagamos 70 euros por consulta) resolveu a coisa em 10 minutos. Consulta marcada, conselhos dados, problema resolvido.
O que nos vale é que o sistema de saúde em Portugal continua em grande!!!!! Para quê pensar nos milhares de pessoas que não têm 70 euros para pagar e ficam com as crianças doentes,ou rumam para o hospital para esperar horas até serem atendidas, pois não tinham a cartinha do Centro de Saúde????
segunda-feira, outubro 01, 2007
Ser Criança
Depois de uma noite de febre, acordámos para um dia em que - pensava eu – tudo iria melhorar! Então vieram as dores de ouvidos, as fantásticas dores que surgem nos piores momentos e para as quais basicamente NADA ajuda.
Ligar à pediatra, continuar o antibiótico,não esquecer o benuron. Enfim, encher a criança de porcaria e a mãe de preocupação.
A diferença é que, enquanto a mãe mal consegue respirar o tempo todo, perante a sensação de impotência, a preocupação e a ansiedade, há um momento, a meio de toda esta “tragédia”, em que as dores acalmam e começa a dar no Canal Panda (canal exclusivo cá da casa) a música do “Viky, o pequeno golfinho” – não, não precisam de saber qual é!!!!.
- Mãe, podes dar-me os meus sapatos?
- Porquê, meu amor?
- Quero dançar!!!
E eu fui calçar-lhe os sapatos, fitando-a atónita enquanto ela cantava e dançava até a música acabar. Em seguida, voltou a deitar-se no sofá, tranquila. Não há dores, não há stress.
De facto, ser criança é um estado de graça. Elas SABEM aproveitar a vida.
quarta-feira, setembro 26, 2007
The Police
segunda-feira, setembro 24, 2007
A caixa
Soube imediatamente o que tinha nas mãos, quando agarrei aquela caixa antiga e gasta pelo tempo, perdida entre albuns de fotografias repletos de teias de aranha e pó, no velho sotão revestido a madeira da casa grande, como lhe chamávamos.
Não era como eu imaginava, em veludo vermelho, reluzente, como o esplendor do seu conteúdo, contado tantas vezes pela voz da minha avó, cujos olhos cansados regressavam ao brilho dos 17 anos, sempre que falava nessa história.
Era uma história igual a todas as histórias que fazem as meninas sonhar. Um amor antigo, único, perfeito, que não se concretizara, perdido nas desventuras habituais do coração. E que, antes de se desvanecer,tivera os sumarentes beijos escondidos, bilhetinhos secretos, abraços quentes nas noites de luar e, claro, as rosas vermelhas.
Apertando a caixa, que afinal era em metal, com desenhos antigos de dois amantes, apagados pela ferrugem, eu fechei os olhos, relembrando as palavras da minha avó.
- Com ele partiu o meu coração e a minha juventude. Ficou uma caixa, com um retrato que me fez, 2 cartas de amor, e 6 rosas vermelhas. E a vida continuou.
Cresci com a lembrança daquele amor único, que não era o meu, mas que me arrebatava o coração para a fuga nas noites de luar, como se os beijos escondidos debaixo da janela fossem para mim.
Agora, com aquele tesouro nas mãos, sabia que tudo fora verdade e não mais um devaneio de uma velhota senil que, segundo o meu pai, nada mais fazia que não encher-me a cabeça com ideias aparvalhadas que me paravam o cérebro.
Quis abri-la. Cheirar o perfume do amor, nas rosas vermelhas, e ler cada carta como se a doce carícia das palavras ardentes fossem dirigidas a mim. Olhar o retrato da minha avó, cujos traços haviam sido desenhados pela mão da paixão avassaladora e deleitar-me no encanto das memórias.
Mas não era a minha história. Não eram os meus segredos, as minhas fugas da cama para os braços do meu amante. Não era o meu rosto desenhado. Não eram as minhas rosas.
Eu abriria uma caixa velha e encontraria, provavelmente, um rolo de papeis amarelados e baços, comidos pelas traças e pelos anos. Encontraria um retrato cujos contornos teriam sido esquecidos no papel. E encontraria rosas secas, sem a cor e a frescura do amor.
Abrir a caixa? Não. Mantê-la assim, fechada entre as minhas mãos, de olhos fechados, ouvindo as ternas palavras da minha avó e inspirando o aroma das rosas. Nessa memória,estaria a essência do seu amor.
segunda-feira, setembro 17, 2007
sexta-feira, setembro 14, 2007
Perspectivas...
- Não posso acreditar que me fez uma maldade dessas, avó Chica!!!! - exclamou zangada.
A anciã, que já era velha quando Clara nascera, encolheu os ombros. Baixou o olhar, embaraçada, enquanto sacudia pó inexistente do avental gasto.
- O que é que queres, filha? O rapaz anda desesperado,não pensa em mais nada senão em ti.
- E por isso encomenda-lhe feitiços!!!! - resmungou a jovem. - Se ele pensa que isso muda alguma coisa...
A avó Chica olhou-a com expressão reprovadora e continuou o seu caminho.
Clara voltou para dentro, ainda furiosa e triste com a situação. Porque é que todos a recriminavam? Não poderia ser ela a dona do seu destino?
... cheiro de caramelo
Era assim o Verão na Ilha de Faro. Nada de silêncio,maresia e paz. Ali, ouviam-se os 718 aviões diários, que levantavam vôo à distância de 3 km, o roncar ensurdecedor dos carros,à hora do almoço, com lisboetas de férias à cata do famoso arroz de lingueirão e os gritos incessantes dos meus amigos, surgindo na porta de entrada, a cada 15 minutos.
Só à noite, quando o resto do mundo se recolhia, ficava eu e a minha avó, o som da novela da televisão a preto e branco e o cheiro do caramelo que serviria de cobertura à tarde de amêndoas. Que saudade da tarte de amêndoas!!!!
quarta-feira, setembro 12, 2007
Filhota....
O meu coração é que se manteve triste o dia todo....
sexta-feira, setembro 07, 2007
Loucura
Como seria voltar a pensar por si mesma? Sorriu, perante a ideia de se passear pelas ruas da cidade, com as meias de vidro rendadas a surgir por baixo do minúsculo vestido azul, dizendo tudo o que lhe surgia na mente.
Provavelmente, todos se afastariam, franzindo o nariz. Sim, porque ouvir a loucura pela manhã faz, por certo, comichão no nariz. Mas estava plenamente decidido.
Tomou um duche e aprontou-se como se para uma festa. Abriu a janela, permintindo ao vento fazer-lhe festas no cabelo.
As nuvens cinzentas anunciavam um dia instável e escuro. Dia de guarda-chuva, diriam os outros. Sorriu novamente. Ela, se levasse algum, seria um guarda-chuva de chocolate. Nessa manhã, a vida sabia-lhe bem...
quinta-feira, setembro 06, 2007
Palavras a cores?...
Por vezes,a música na igreja fazia-a sorrir,imaginando o casal de noivos a sair ao som dos sinos, juntamente com os alegres convidados, num rebuliço total.
Era uma festa, poder deitar-se ao sol e sentir a pele bronzeada a aquecer e os folhos da sua saia dançando com o vento. Se fechasse os olhos e imaginasse um sonho, ainda assim não seria mais belo do que a sua realidade.
...ou a preto e branco????
Saiu para a rua,com o casaco russo e as botas enlameadas,embrenhando-se na rua alcatroada e suja,iluminada pelo fraco e único candeeiro existente.
Os prédios em obras inacabadas,cheios de lixo e solidão, pareciam caveiras naquela cidade fantasma.
segunda-feira, setembro 03, 2007
O Ludo
sábado, setembro 01, 2007
Com um pedaço...
Olhei-o, toquei-o, cheirei. Mole e suave. Odor? Não tinha cheiro, ou seria eu incapaz de o respirar? Senti-me, insegura, menina assustada. Ainda assim, brinquei. Peguei-lhe, num suave embalo de vida e cor.
Moldei-o nas minhas mãos, pintei-o com as cores da minha tela. E, por fim, adormeci, na maciez efémera da minha imaginação.
Despertei mais tarde, acordando para um nada que agora era algo. Modelei-o eu, mas surgia em si mesmo como uma única forma, uma ideia, um universo ao meu redor.
Senti-me fechada num universo que tinha sido construido por mim.
sexta-feira, agosto 31, 2007
Vem!
Vem ver-me, vá! Como podes ver, pela imagem, não é tão mau assim. Tens a Serra mesmo ali, a um piscar de olhos.
Sabes, aqui o céu não é tão escuro e as estrelas não são tão brilhantes. Mas se te aventurasses a sair do teu cantinho seguro verias que, aqui, as pessoas sorriem da mesma maneira e que o aroma do café, pela manhã, trás sempre um trago de boa conversa. Não queres experimentar?
segunda-feira, agosto 27, 2007
Sonho
A beleza é relativa e efémera,mas naquele único segundo não houve inseguranças ou questões de opinião. Olhar para ele era pura contemplação. Poderá um olhar mudar uma vida? Ela não podia saber,mas como a imaginação não aceita limites, acreditou naquele instante, naquele segundo de harmonia, vida, cor.
Mergulhou no olhar verde daquela estranha criatura surgida do mais insólito dos seus sonhos. Viu-se no mar, rodeada de sereias e tritões, de castelos submersos e música celestial. Viu-se a si mesma Senhora do Mar, dona do mais belo vestido existente no reino do amor.
E, por fim, veio à à superfície respirando a brisa leve que a trazia de volta à realidade. Mas o que é que isso importava? Enfeitou-se com o seu mais belo sorriso e deu por si a dançar, diante daqueles maravilhosos olhos verdes.
Escrita Criativa
Estou a gostar! Muito...
Vão ficando aqui alguns textos nascidos dessas pequenas horas.
Se quiserem experimentar, passem por aqui.