A conversa com a H. foi longa. Há muito que não nos partilhávamos assim. Falámos de almas gémeas, de amores diferentes, de eternidade, de aceitação. Falámos de medo e de dor, de alegria e de sentir.
Lia ela agora um livro que me veio parar às mãos, há muitos anos, pela minha linda Dinamene, que mo ofereceu num momento de impulsividade. Chamava-me Brida, porque havia uma personagem de um livro que queria ser bruxa, e eu chamava-lhe Britta, porque existia outra que ia correr mundo.
O livro esteve anos na minha mesa de cabeceira. Por vezes relia-o, outras vezes bastava-me abrir uma página e ler um trecho. Não é um livro extraordinário. Para mim, foi. É uma história de amor, entre um seminarista e a namorada de infância, contada bem ao estilo do Paulo Coelho.
A determinada altura, ela pede-lhe no meio de um restaurante, que parta um copo de propósito.
"É um ritual de passagem, como tu mesmo dizes - tive vontade de dizer - É o proibido. Copos não se partem de propósito. Quando entramos em restaurantes ou nas nossas casas, temos cuidado para que os copos não fiquem na borda das coisas. O nosso universo exige que tomemos cuidado para que os copos não caiam no chão. No entanto, quando os partimos sem querer, vamos que não foi tão grave assim. O empregado diz 'não tem importância' e nunca vi os copos partidos serem incluídos na conta do restaurante. (...) Porque, os nossos pais ensinaram-nos a ter cuidado com os copos e com os corpos. Ensinaram-nos que as paixões de infância são impossíveis, que não devemos afastar os homens do sacerdócio, que as pessoas não fazem milagres e que ninguém vai em viagem sem saber para onde vai.
Parte esse copo, por favor - e liberta-nos de todos esses malditos conceitos, essa mania que se tem de explicar tudo e só fazer aquilo que os outros aprovam.
(...) Ele fixou os seus olhos nos meus. Depois, devagar, deslizou a sua mão pelo tampo da mesa, até tocá-lo. Num movimento rápido, empurrou-o para o chão."
E vocês? Têm partido os vossos "copos"? How does it feel? :)
21 comentários:
Há aquele medo inicial...do tipo :Ai,vou fazer asneira!Escolher o copo que vamos pegar e partir é o que nos custa mais.
Não é só libertador,é também conciliador e depois de organização ,de limpeza...na altura de apanhar os cacos,com a fieza, de que embora continuem a brilhar no chão...continuam bonitos...mas já não nos servem para nada.
E cacos colados,emendados...nunca têm a mesma beleza.
A própria acção de partir o copo é um exercício espantoso. Fi-lo uma vez, num restaurante... e apercebi-me das resistências internas, do medo, dos outros e dos bloqueios que nos impomos.
De facto é libertador, mas se isto acontece com um simples copo, pergunto-me como faremos com o resto da vida.
As coisas que nós fazemos a nós próprios...:)
Era exactamente desses "copos" que estava a falar.
:)
Pois... há momentos assim...
:)
eu ando a partir alguns copos na minha vida... ainda não consigo é dizer como é que me sinto.. preciso de continuar a partir mais uns quantos! LOOL!
beijinhos!
Kayla, "o que está em cima é como o que está em baixo"... :)
Delfim Peixoto, pois há! Obrigada pela visita!
Neptuna, parte essa cena toda, miga!!!! ;)
Citando um amigo meu da fac: eu parto esta m$#da toda!!! Basicamente, ja me assustei de andar a ver so cacos á minha volta... agora não. São como estrelas no caminho :)
Beijo grande!
Hélio, é isso mesmo! São as estrelas no caminho de cada um de nós! :)
Beijo.
Às vezes é mesmo preciso partir copos, enquanto fica uma grande confusão á nossa volta, nós ficamos bem melhor, é libertador e á unica forma de vermos tudo com mais clareza...
Confesso que parto copos com demasiada frequência, mas não sou definivamente pessoa de aguardar coisas dentro dos copos, porque senão o copo parte-se e ainda ficam mais cacos...
So, feels gooooood...:-)
Bjs
Gosto muito deste livro... do que mais me lembro é das luzes em cima do ombro... aquela luz que nos mostra a nossa alma gémea... e gostei de saber que podemos encontrar a luz que nos completa em mais do que uma pessoa :)
Obrigada.
Eumesma, sim sabe mesmo bem...
Ianita, confundi-te!!!! Desculpa. A Brida é a dos pontos de luz no ombro. Este é outro. Na margem do Rio Piedra sentei e chorei.
Beijinhos.
Ai ai ai ai!! :)
São dois livros fantásticos. Se bem que Na margem do Rio Piedra... é melhor. É daqueles livros que apetece andar sempre com ele... :)
Kiss
Aliás... já falámos desse livro, Na margem do Rio Piedra... porque é aí que o Paulo Coelho fala do instante mágico :)
Tive esse excerto, o do instante mágico, afixado na porta do roupeiro durante anos, para me lembrar que nós temos o poder na nossa vida. Nós temos de ter os olhos abertos e aproveitar os instantes mágicos que a vida nos dá.
Depois tirei-o de lá... basicamente porque já não preciso que seja um pedaço de papel a lembrar-me :)
Beijos
Sim, os instantes mágicos... que aparecem de um momento para o outro e mudam toda a nossa vida!
Hmmmm...;)
Eu já iniciei uma relação a partir de copos partidos. tudo começou numa noite, depois de um jantar de finalistas na feira Popular... :)
É esse o espírito... ;)
Há copos e copos ... há uns tempos parti um e nunca mais fui a mesma! :D
Por vezes é preciso partir a loiça toda!...
XR, lol! Sério?
Devaneante, mas partir MESMO!!! :D
Lita, os copos podem ser figurados ... interessa é parti-los, libertarmo-nos do que os outros entendem por "correcto" e fazermos sozinhos a distinção. E sim, partir aquele copo foi "the moment of truth" ;)
XR, claro que podem... é a esses que nos referimos...:)
E eu adoro moments of truth... ;)
Parabéns!!!
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