Isto anda a circular no facebook, mas merece destaque também aqui. Espero que se deliciem, como eu me deliciei. Excelente domingo, o primeiro do horário de Inverno!
domingo, outubro 25, 2009
sexta-feira, outubro 23, 2009
Escolhas
Há muitos anos atrás, aprendi uma lição valiosa com uma grande amiga. Nessa altura, não a percebi com a consciência com que a entendo agora, mas mexeu comigo.
O D. era meu amigo de infância. Direi mesmo o meu amigo mais antigo, gatinhámos juntos, na rebentação das ondas da nossa praia.
Talvez por isso, habituei-me desde sempre à sua forma de ser. Meio arrogante, um pouco cruel, por vezes agressivo. Mulherengo. Muito instável. Nunca se sabia bem o que esperar dele. Sem dúvida, tinha o seu lado brilhante. Era inteligente, partilhava comigo um amor incondicional pela nossa praia, defendia-me dos outros e sei que nutria verdadeiramente afecto por mim. Por isso, "aturar" as sombras dele parecia-me algo natural, ele era família, e família não se escolhe.
A A. veio passar férias comigo na praia,quando tínhamos 17 anos. Muitas outras amigas já o tinham feito, e o D. a todas mostrara o seu lado sedutor, e pouco depois, o seu lado sombra egoísta. De uma forma ou de outra, as raparigas caiam-lhe todas nas mãos. Nunca percebi muito bem porque é que tantas mulheres interessantes se apaixonavam por aquele trinca espinhas convencido e mal educado, que nem bonito era. Mas acontecia. Ele era charmoso. E tinha um sorriso especial.
Como eu esperava já, o D. de imediato deu em cima da minha amiga. E, como eu esperava, ela cedeu. No entanto, ao contrário das outras, a A. não ficou impávida quando o D. começou a mostrar o seu lado arrogante. Respondia-lhe à letra, discutiu com ele e chegou a afastar-se. As discussões entre os dois aborreciam-me imenso e um dia confrontei-a:
-Mas porque te irritas tanto? - perguntei. - Ele é assim, não há nada a fazer. É a forma dele de ser!
- Isso não me interessa nada! - foi a resposta. - Ele pode ser como quiser, mas eu não tenho de aturar isso. Eu não tenho de levar com a porcaria de alguém, pura e simplesmente porque ela É assim.
Foi a primeira vez que me dei conta de que gostar do D. e aceitá-lo, não implicava aturá-lo. Nunca me tinha dado conta disso.
Guardei essa mensagem no coração, nunca sabendo muito bem como a pôr em prática. A verdade é que sou - dentro daquilo que consigo - uma pessoa politicamente correcta. Distingo - e orgulho-me disso - sinceridade de frontalidade. Porque posso ser sincera sem usar a minha agressividade retorcida para magoar gratuitamente alguém. E raramente faço.
Depois, também acredito que somos nós que atraímos as pessoas para a nossa vida. E que somos espelhos uns dos outros. Que vemos nos outros a nossa própria beleza e rejeitamos neles a nossa sombra. Quanto mais me fui dando conta disso, mais fácil foi para mim aceitar os outros. Perceber que os seus defeitos,também eu os tinha, em alguma coisa, alguma parte da minha vida. Aprender a ser melhor, graças a isso.
No entanto, há um momento para descansar e um momento para lutar. Um momento para passar a mão no pêlo, vezes e vezes sem conta... porque o outro é assim,não tem consciência do que faz... e um momento para dizer "chega!", um momento para dizer que não dá mais para tolerar a intolerância dos outros.
É evidente que os espelhos continuam lá. Claro que atraímos pessoas para a nossa vida porque temos coisas a aprender sobre nós mesmos. E esse trabalho só poderá ser feito por nós. Mas não implica manter lá os outros e tolerar aquilo que o nosso coração já não suporta.
- Se lhe guardo ressentimento? Já não. Se aprendi a aceitá-lo? Sim. Se o quero na minha vida? Não. Porquê? Porque posso escolher.
Essa é a verdade. Aceitar que o outro é como é, aceitar a lição que nos trás, a pergunta "onde é que eu faço ISTO na minha vida?", é importante. Mas não implica envenenar a vida com a presença dessa pessoa. Posso aprender a aceitar. Posso não guardar qualquer emoção negativa. Mas não tenho de tolerar.
Porque posso Escolher!
sábado, outubro 10, 2009
(Re)Começos
A mensagem clara foi "Pára! Estás demasiado confusa, demasiado ocupada, demasiado zangada, demasiado eléctrica, demasiado longe de ti mesma."
Desde o início do ano que sentia que teria que o fazer. A vida é generosamente clara comigo, nessas alturas. Sou eu que adio o inevitável.
Ainda assim não foi fácil. Ser obrigada a parar, fechar-me em casa, não ver ninguém, praticamente, a não ser a minha família. Acabar por me isolar mais, por não já suportar as perguntas dos amigos, diariamente e sempre iguais "estás bem? Estás melhor? Sentes-te feliz?". Parece egoísmo, eu sei, e eu adoro os meus amigos e agradeço a sua preocupação, mas ter as janelas do msn constantemente a piscar com as mesmas perguntas, ou tentar dormir um bocadinho e colocar o telemóvel no silêncio, para acordar e ter 36 chamadas não atendidas, acreditem, é esgotante.
Alguns queixaram-se do meu desaparecimento súbito. Outros entenderam que eu precisava da reclusão e respeitaram-me com serenidade, pois conhecem bastante das minhas "caminhadas no deserto..."
Não tem sido propriamente fácil. As contracções, a placenta prévia, agora o diabetes gestacional. Sim, ainda estou em casa. Todos os dias luto comigo mesma para viver um momento de cada vez, para não me deixar levar pela insatisfação profunda. Nem sempre consigo.
No entanto, conforme chegou a fase de nicho, de comprar coisinhas para a bebé, de reorganizar a casa e a vida, a semente que adormecia em mim começou, também a despontar. A vontade de mudar coisas, de fazer coisas, de aprender coisas.
Como se o tempo de semente também estivesse a terminar e eu começasse a preparar-me para um novo ciclo. Como mãe e como ser humano. As ideias começam a chegar, a motivação também. A vontade de começar qualquer coisa, aprender mais um pouco de mim e do mundo. E isso faz-me sorrir ao acordar.
Um excelente fim de semana para todos.
Desde o início do ano que sentia que teria que o fazer. A vida é generosamente clara comigo, nessas alturas. Sou eu que adio o inevitável.
Ainda assim não foi fácil. Ser obrigada a parar, fechar-me em casa, não ver ninguém, praticamente, a não ser a minha família. Acabar por me isolar mais, por não já suportar as perguntas dos amigos, diariamente e sempre iguais "estás bem? Estás melhor? Sentes-te feliz?". Parece egoísmo, eu sei, e eu adoro os meus amigos e agradeço a sua preocupação, mas ter as janelas do msn constantemente a piscar com as mesmas perguntas, ou tentar dormir um bocadinho e colocar o telemóvel no silêncio, para acordar e ter 36 chamadas não atendidas, acreditem, é esgotante.
Alguns queixaram-se do meu desaparecimento súbito. Outros entenderam que eu precisava da reclusão e respeitaram-me com serenidade, pois conhecem bastante das minhas "caminhadas no deserto..."
Não tem sido propriamente fácil. As contracções, a placenta prévia, agora o diabetes gestacional. Sim, ainda estou em casa. Todos os dias luto comigo mesma para viver um momento de cada vez, para não me deixar levar pela insatisfação profunda. Nem sempre consigo.
No entanto, conforme chegou a fase de nicho, de comprar coisinhas para a bebé, de reorganizar a casa e a vida, a semente que adormecia em mim começou, também a despontar. A vontade de mudar coisas, de fazer coisas, de aprender coisas.
Como se o tempo de semente também estivesse a terminar e eu começasse a preparar-me para um novo ciclo. Como mãe e como ser humano. As ideias começam a chegar, a motivação também. A vontade de começar qualquer coisa, aprender mais um pouco de mim e do mundo. E isso faz-me sorrir ao acordar.
Um excelente fim de semana para todos.
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quinta-feira, outubro 08, 2009
As pesquisas hilariantes...
Quem me visita por aqui sabe que tenho andado longe... pouco tenho escrito, pouco vos tenho visitado...
Estou de ninho, com outras coisas na mente e neste momento, aguardo ansiosamente a chegada da minha pequenina, daqui a um mês, mais coisa, menos coisa.
No entanto, e porque hoje estive mais presente, lembrei-me de procurar as buscas na net que vieram cá ter. O panorama mantém-se. Ao que parece, tudo o que diz respeito a homens - especialmente bonitos, vêm cá ter. Isto dura há meses, provavelmente desde um post com umas fotos de um grego giraço que foi considerado o homem mais bonito do mundo e que eu postei aqui.
Então vejamos a lista deste mês no que respeita às buscas de um jeitoso:
E depois a coisa descamba completamente:
homem pau duro - como é que raios uma busca destas vem parar aqui????????????? É um enigma, mas que me valeu umas gargalhadas.
No entanto, o momento zen das buscas foi realmente este:
Não só não consigo perceber ONDE, nos meus textos, existe alusão a tal frase... como nem sequer percebo o que é que uma coisa tem a ver com a outra... se alguém tiver teorias, faça favor!!!! Mais umas gargalhadas não nos fazem mal nenhum, certo? :)
Estou de ninho, com outras coisas na mente e neste momento, aguardo ansiosamente a chegada da minha pequenina, daqui a um mês, mais coisa, menos coisa.
No entanto, e porque hoje estive mais presente, lembrei-me de procurar as buscas na net que vieram cá ter. O panorama mantém-se. Ao que parece, tudo o que diz respeito a homens - especialmente bonitos, vêm cá ter. Isto dura há meses, provavelmente desde um post com umas fotos de um grego giraço que foi considerado o homem mais bonito do mundo e que eu postei aqui.
Então vejamos a lista deste mês no que respeita às buscas de um jeitoso:
homem bonito
fotos de homem bonito
fotos de um homem
gajo bonito
homem com pés bonito ??????
E depois a coisa descamba completamente:
homem pau duro - como é que raios uma busca destas vem parar aqui????????????? É um enigma, mas que me valeu umas gargalhadas.
No entanto, o momento zen das buscas foi realmente este:
animal porquinho da índia menstruação
LOOOOOOL
Não só não consigo perceber ONDE, nos meus textos, existe alusão a tal frase... como nem sequer percebo o que é que uma coisa tem a ver com a outra... se alguém tiver teorias, faça favor!!!! Mais umas gargalhadas não nos fazem mal nenhum, certo? :)
Lugares comuns
Ao longo da nossa existência, existem locais, pessoas e momentos que nos marcam. Alguns desses, por um instante, outros para a vida toda.
Os nossos espaços sagrados têm mil e uma formas de ser. Existem locais selvagens, no meio da natureza, cuja presença nos tira o ar, nos quais a nossa alma se reverencia e se reconstroi. Existem outros locais, tão comuns que podemos passar por eles todos os dias, mas que para nós têm um valor inesgotável, que são nossos porque a eles pertencemos.
E existem aqueles que perdem a sua magnitude pura e simplesmente porque não os vemos. Porque aquilo que existe no nosso pequeno universo pessoal é um filme, cuja fita passa incessantemente, interminavelmente, com o mesmo guião. Os ambientes são os mesmos, as palavras as mesmas, as emoções... iguais. Os mesmos passos, cuidadosamente dados, da mesma forma. E as mesmas personagens, embora os actores possam mudar.
Para mim, esses são os verdadeiros lugares comuns, aqueles que parecem belos, lidos num romance épico pela primeira vez, mas que não passam de plágio medíocre, conforme os vamos revivendo, num círculo sem fim. A mim enjoam-me, confesso.
Gosto das minhas pessoas, cada uma com as suas especificidades, com memórias próprias e únicas, com locais só para elas e músicas que mas evocam como se as revivesse nesse instante. Respeito as minhas pessoas, os meus locais, as minhas memórias. E não quereria apagá-los, colocando outro actor a fazer o mesmo papel.
Os nossos espaços sagrados têm mil e uma formas de ser. Existem locais selvagens, no meio da natureza, cuja presença nos tira o ar, nos quais a nossa alma se reverencia e se reconstroi. Existem outros locais, tão comuns que podemos passar por eles todos os dias, mas que para nós têm um valor inesgotável, que são nossos porque a eles pertencemos.
E existem aqueles que perdem a sua magnitude pura e simplesmente porque não os vemos. Porque aquilo que existe no nosso pequeno universo pessoal é um filme, cuja fita passa incessantemente, interminavelmente, com o mesmo guião. Os ambientes são os mesmos, as palavras as mesmas, as emoções... iguais. Os mesmos passos, cuidadosamente dados, da mesma forma. E as mesmas personagens, embora os actores possam mudar.
Para mim, esses são os verdadeiros lugares comuns, aqueles que parecem belos, lidos num romance épico pela primeira vez, mas que não passam de plágio medíocre, conforme os vamos revivendo, num círculo sem fim. A mim enjoam-me, confesso.
Gosto das minhas pessoas, cada uma com as suas especificidades, com memórias próprias e únicas, com locais só para elas e músicas que mas evocam como se as revivesse nesse instante. Respeito as minhas pessoas, os meus locais, as minhas memórias. E não quereria apagá-los, colocando outro actor a fazer o mesmo papel.
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