quarta-feira, julho 11, 2007

O escritor

Ontem, em deambulações cibernéticas, encontrei-me perante um blog de um dos nossos escritores portugueses, Hugo Gonçalves, onde encontrei o seguinte texto:

O romance que escrevi chama-se “O maior espectáculo do mundo”, publicado pela Oficina do Livro. Vi-o hoje, antes de ir para as livrarias. Já suspeitava que a publicação de um livro seria uma experiência contrária à sua execução. Terminar um livro, acabar o trabalho e publicá-lo é o fim de um processo, é algo que se opõe à luta de pensar, de estruturar, de escrever, de corrigir, de apagar. O objecto com capa, foto, excertos, é outra coisa qualquer, necessária, lógica e inevitável. É certo que quero publicar, que quero que as pessoas leiam, mas sempre que olho para esse objecto apetece-me mudar palavras. Não posso.

Perdi-me nas suas palavras, talvez por já as ter pensado muitas vezes. Quando escrevemos, a alma exprime o que sente e nada mais do que isso é possível (como se fosse pouco!!!!).

Mas, invariavelmente, é um processo, um contínuo... nunca termina, nunca está acabado. Cada vez que releio o que escrevi, sinto a incansável vontade de mudar palavras, acrescentar texto, especificar pormenores. Porque a minha alma já viveu mais um pouco e precisa, novamente, de alimento.

Um contador de estórias desenrola um fio que não tem ponta....

Imagino a alegria e a dor do escritor que edita o seu livro. O orgulho da sua obra finalizada e partilhada com os outros. A dor da alma, por não mais se poder expressar por ali...

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