sábado, maio 12, 2012

Desencontros

Ele ama-a.
Mas na sua alma há ventos no lugar de chuva, desertos onde o mar deveria desaguar.
Ama-a. Mas nada sabe dos motivos do coração. Vive como se a vida fosse um ecrã de televisão, onde o romance se assiste de fora e os anúncios são a vida real...
Quando fecha os olhos e se esquece da auto-imagem estática que tem de si mesmo, é na sua pele que se perde, no seu cheiro que se funde. Por entre os fios escuros do seu cabelo, vive a brisa do oceano e no seu sorriso encontra a água fresca depois de uma tarde de calor.
Ama-a. Mas perde-a por entre os passos do que deveria ser, sem se dar conta da sua alma a gritar sobre o que poderia ser.
Foge das suas lágrimas e dos seus gritos de desespero, esquecendo que da chuva nasce a semente e do som, as melodias...
Cala a sua alma, negando a sua existência, e escolhendo uma e outra vez o mundo a preto e branco.
Ama-a.
Mas não o sabe.
E ao afastar-se... pergunta-se onde terá deixado a sua alma, no caminho.