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Sorri-lhe. Ouvi-a. Sentia aquele incómodo conhecido de quem sabe que há uma descoberta a fazer. E ela chegou. "O quanto esta rapariga me lembra de mim mesma, há uns anos atrás."
O tempo e a intimidade deixou cair o verniz. E descobri-a mais leve, gentil, o peso de uma responsabilidade que tinha puxado para si, mas que precisava de ser partilhada. As lágrimas que raramente surgiam, mas que traziam aquela fragilidade que ela, e os outros não aceitavam.
Penso que ela passou a aceitar essa fragilidade. Talvez a amá-la, até.
Por isso, admiro a sua força, a coragem de olhar para a vida. As voltas que deu. Vejo-a a aceitar-se mais e mais, a cada dia que passa. E admiro sempre profundamente, as pessoas que aceitam esse trabalho. Longo caminho percorrido, longo caminho a percorrer. Sei que o fará com a coragem necessária, e sem deixar de ser ela mesma.
Quando me envia mensagens, escreve sempre "minha coruja". Não sabia porquê, apesar de sentir sempre um calorzinho no peito, ao ler-lhe as palavras.
Ontem perguntei-lhe.
"Por causa da Princesa que acreditava em contos de fadas." - respondeu-me. - "Tu costumas chamar-me princesa..."
Sorri-lhe.
"Pois é..."
E o calor no peito aumentou.
Grande caminhada fizémos...
Parabéns por quem és, J. Admiro-te muito.