sexta-feira, agosto 08, 2008

Deitar fora a alma

Engraçado, dizeres que perdeste tudo o que tinhas, o quanto todos gostavam de ti e como deste demasiado as coisas como certas...

Sem dúvida, intrigante, a forma como cobraste telefonemas, palavras e apoio que nunca deste... ou talvez até tenhas dado, mas sempre com medo de ser "demasiado íntimo".

Leio-te, ouço-te, e sorrio como quem escuta uma criança amuada por um brinquedo que partiu. Não levo a sério, sabes?

Só a perdeste a ela, a mulher que te amava. O resto, ou terás para sempre, ou nunca tiveste. O meu carinho está aqui, porque eu amei a tua alma quando a conheci e, ainda que a tivesses deitado fora, continuo a amá-la, como se a visse brilhar nos teus olhos, como se pudesse retornar, assim, de um instante para o outro. Quanto aos que gostavam de ti, se queres a verdade, nunca conheci ninguém, para além do D. Nunca ouvi ninguém falar bem de ti, sentir a tua mão no ombro, o teu carinho, um sorriso aberto, um desejo positivo. Nada. Não se tem aquilo que não se dá. E não se dá aquilo que não se tem.

Não me é importante se és bom ou mau, se tens histórias que fazem chorar as pedras da calçada, se não te podes fragilizar ou amar de todo o coração. Não me interessam as tuas dúvidas, os teus insultos, as tuas cobranças. Nem as tuas histórias de drogas, de roubos, de traições.

Quando me lembro de ti, recordo que os teus olhos brilhavam sob o sol poente, que escrevias poemas arrebatadores, que contavas estrelas cadentes, enquanto o teu reflexo batia no mar sob o feitiço de uma lua cheia.

É a tua alma que eu recordo e amo com ternura, como uma alma irmã. Ás vezes penso que deitaste a alma fora. Depois rezo para que assim não seja e regresses um dia para junto de nós.
Até sempre.

2 comentários:

Mia Olivença disse...

Esta mensagem "indirigida" vinda directamente a "alguém"... ou a muitos "alguens"...

Acho que estou em condições de poder afirmar que as "vitimas" de si próprias são aquelas pessoas que de tão egoístas que são acabam por se esquecer que deixarão de existir se os outros as esquecerem, cansando-se delas, desistindo delas...

Posso identificar-me com a tua mensagem, pois a minha enorme família passou por uma caso único e difícil, de alguém que se esqueceu que nos amava, e achou que era só nosso esse “dever”… tentou cobrar-nos o que sentíamos por ele… fez da nossa enorme e feliz família, um inferno… dividiu-nos, separou-nos, envergonhou-nos… perdeu alguns de nós… deixou-nos de uma maneira que ainda estamos a recuperar…

Um dia, lembrou-se de tentar levantar a cabeça, e viu a destruição que tinha provocado ao seu redor… por SUA INTEIRA CULPA, decidiu pôr-se de pé… alguns de nós fomos até ele e tentámos ajudá-lo… tentámos que passasse por cima da destruição provocada, tentámos ajudá-lo a reconstruir o que tinha destruído… mas não conseguindo á primeira, porque os danos eram elevados, passou a vitimizar-se e usar de novo como arma o que sentíamos por ele, como uma obrigação nossa…

Felizmente conseguiu erguer algumas das coisas que deitou abaixo… mas nem todas e nada jamais voltará a ser como antes… No meio de tudo isto aprendemos que ninguém é perfeito ou imperfeito, somos todos humanos, uns mais fortes outros mais fracos…

Fica-lhe a certeza absoluta, concreta de que foi tudo CULPA DELE, ele tinha a INFORMAÇÃO toda do perigo, tinha o DIREITO e o DEVER de ter dito “NÃO” aquilo que o ía destruído a ele e a nós… a nossa família ficou com uma cicatriz que ainda dói nos momentos de crise, mas aprendemos que está no livre arbítrio de cada um de nós perceber ou não, perdoar ou não, aceitar ou não…

Os erros não se corrigem… evitam-se…

Obrigada pela tua mensagem, dás-me autorização para a plagiar para o meu blog?

Beijinhos
Mia

Lita disse...

Obrigada eu, pelo teu comentário fantástico. Podes usar o texto à vontade.
Abraço grande.
Lita