Existe um momento, ao por-do-sol, em que a estrela brilhante parece tocar no mar; se fecharmos os olhos podemos ouvir o som do fogo a arrefecer nas águas.
Ouvi esta história muitas vezes e, se bem que tivesse presente a ilusão da coisa, muitas tardes de Verão fechei os olhos, no momento-chave, e juro quase ter ouvido esse impressionante som. Depois sentava-me na praia, escrevendo palavras que esperava não serem vistas por mais ninguém, mas que tinham de sair de alguma forma.
Noutros dias, dava passeios à beira-mar, maravilhando-me com a cor... o laranja vivo da areia, os tons roza e cinza do céu. Era um momento de plena harmonia e equilíbrio, estivesse eu só ou acompanhada.
Foi só quando os meus passeios começaram a ser nocturnos e a Lua o foco da minha deambulação à beira-mar, que as coisas se confundiram.
O mar, escuro e não definido, o som das ondas a bater na areia... os pontinhos brilhantes que vemos, quando raspamos a areia molhada, como estrelas minúsculas a brilhar aos nossos pés.
O cheiro a maré, a algas, à noite misteriosa. O vento quente que me invadia, enquanto procurava a tua essência, que nunca surgiu.
- Não se sabe bem qual é um e qual é outro. - ouvi dizer uma vez.
E nunca mais me esqueci...
2 comentários:
Lindo.
revi-me mais uma vez nos teus pequenos (ou não) pormenores.
um beijinho doce.
Obrigada pelas palavras.
Não são todos assim? Pequenos (grandes) pormenores?
Ou não faria sentido recordá-los...
Abraço.
Enviar um comentário