quinta-feira, outubro 08, 2009

Lugares comuns

Ao longo da nossa existência, existem locais, pessoas e momentos que nos marcam. Alguns desses, por um instante, outros para a vida toda.

Os nossos espaços sagrados têm mil e uma formas de ser. Existem locais selvagens, no meio da natureza, cuja presença nos tira o ar, nos quais a nossa alma se reverencia e se reconstroi. Existem outros locais, tão comuns que podemos passar por eles todos os dias, mas que para nós têm um valor inesgotável, que são nossos porque a eles pertencemos.

E existem aqueles que perdem a sua magnitude pura e simplesmente porque não os vemos. Porque aquilo que existe no nosso pequeno universo pessoal é um filme, cuja fita passa incessantemente, interminavelmente, com o mesmo guião. Os ambientes são os mesmos, as palavras as mesmas, as emoções... iguais. Os mesmos passos, cuidadosamente dados, da mesma forma. E as mesmas personagens, embora os actores possam mudar.

Para mim, esses são os verdadeiros lugares comuns, aqueles que parecem belos, lidos num romance épico pela primeira vez, mas que não passam de plágio medíocre, conforme os vamos revivendo, num círculo sem fim. A mim enjoam-me, confesso.

Gosto das minhas pessoas, cada uma com as suas especificidades, com memórias próprias e únicas, com locais só para elas e músicas que mas evocam como se as revivesse nesse instante. Respeito as minhas pessoas, os meus locais, as minhas memórias. E não quereria apagá-los, colocando outro actor a fazer o mesmo papel.

7 comentários:

Mag disse...

É exactamente a não repetição de nós que nos faz únicos; o reinventarmo-nos, o crescermos, o desabrocharmos, as nossas qualidades e defeitos, as experiências diferentes a que nos expomos... tudo isso é a súmula de cada um de nós. Se assim não fosse, a vida era um eterno replay... e perderíamos irremediavelmente a oportunidade de abraçar projectos/momentos/pessoas novos (as), e assim... viver!
Beijo grande

Lita disse...

Concordo absolutamente contigo. Há coisas que vivi e me fizeram única, sem as quais não saberia existir, mas que não repetiria, pois o seu momento e o seu sabor tiveram tempo certo. Reviver um eterno guião, na esperança de que desta vez, nenhuma vírgula falhe, é simplesmente medo de viver! Beijos.
Soube muito bem regressar aqui e escrever! :D

Mag disse...

Sabe muito bem ler-te :)

m-a-g disse...

Ao mudarmos por dento, tudo muda à nossa volta: as pessoas, o ambiente, o brilho dos pequenos promenores ;).

Mudar de dentro para fora é tão mais simples... e faz toda a diferença, right?

Rice Man disse...

Em primeiro lugar, muito bem-vinda de volta!! :)

Com essa atitude o filme que estás a fazer vai ser nomeado para os Oscar em todas as categorias. ;)

Ianita disse...

Acho que disseste tudo... assim como detesto ver remakes de filmes que gosto... assim como quando fecho os olhos e vejo o Ralph Fiennes quando penso no Heathcliff... assim como fecho os olhos e vejo a Audrey como Amélie... assim também não imagino outras pessoas no lugar das minhas pessoas.

As pessos que vêm por bem são benvindas. Mas cada uma ocupará o seu lugar e nunca o lugar de outra qualquer pessoa. Cada pessoa é única e, por isso, o seu lugar na minha vida também é único.

Tu és única!

Beijos

Lita disse...

Caluda, mudar por dentro... é a única coisa que faz, de facto, sentido! :)

Rice-Man, obrigada! Duas vezes! :)

Ianita, único, é assim que sabe bem. Amar aquela pessoa única, porque não existe outra igual. E a outra, e a outra.... :)
Obrigada pelas palavras.