sexta-feira, junho 02, 2006

A casa



Foi tudo o que conheci de verdadeiramente seguro, na vida. O meu lugar, o meu tesouro, o meu espaço sagrado para me resguardar do tempo e do mundo.

Mais tarde, a Vida ensinou-me que a segurança não pode vir de fora, mas apenas de dentro de nós. Tive, por isso, que perder o meu resguardo…

Mas ainda hoje, quando me apetece procurar um espaço sagrado no coração, imagino-me no pátio da minha casa de madeira. Olho o dia que se começa a desvanecer, o calor forte que me invade os sentidos e os deixa num estado entre a ansiedade e a expectativa.

Abro o portão e subo a passadeira de cimento que dá para a praia. De ambos os lados, casas de pessoas que me viram crescer, que me viram olhar o mundo de formas tão diferentes de hoje.

Chego ao cimo, onde acaba o cimento e começa a areia da praia. Sento-me no banquinho verde, do lado esquerdo da passadeira, e lá fico a sentir o aroma a maresia, a brisa no rosto… e a olhar o Sol laranja que se põe no mar.
Pelo respostas e peço Amor. Amor por mim, agora. Amor por mim.

7 comentários:

Olavo disse...

A vida a mim, não me ensinou assim...os locais sagrados, ou o local sagrado, é aquele lugar, que só eu identifico, onde deixo que o exterior entre em contacto directo com o interior, para o poder apaziguar, acalmar, retemperar. Não me dá a segurança, mas da-me a tranquilidade e paz de espirito para a tentar alcançar...

Lita disse...

E é sempre fascinante - embora não forçosamente fácil!!! - começarmos a perceber que a Vida vai ensinando, a cada um de nós, aquilo que precisamos de aprender. Cada um à sua maneira, mas para todos especial e único, não é?

Cada um trás consigo os seus próprios milagres....
:)

Olavo disse...

De facto o fascinio que é a vida, vem mesmo dai, daquilo que vamos fazendo com aquilo que vamos aprendendo.

Lita disse...

Subscrevo... :)

Arco-Íris disse...

Pois é, a vida lá saberá o que faz, a mim tirou-me um dos meus portos seguros, e deixou-me algures perdida num oceano qualquer, sem barco e sem boia. Apenas com o meu corpo, que se afundava naquelas águas cristalinas...e eu...como uma princesa que anseia pelo beijo do seu príncipe encantado, para a retirar de tal pesadelo, esperei...esperei...pelo barco que não veio. Mas, não me afundei! Nadei, com forças que fui buscar às entranhas da minha alma, forças que nem eu sabia que existiam. E agora tou aqui. Se encontrei o meu porto seguro? Às vezes sinto que sim, mas outras...sinto que continuo à espera, do barco, do beijo, do prícipe encantado...

Lita disse...

E quem não está, à espera do tal beijo, do tal barco, do tal príncipe encantado?

Quem não mergulha, ainda que por um instante, na história de contos de fadas na qual, após séculos de paragens infíndas, picadas no fuso e maçãs envenenadas, surge o famosos cavalo branco, onde cavalga o príncipe encantado, o Belo, o salvador do nosso destino?

Sabemos que não é por aí... ainda assim uma parte de nós rasga-se com a necessidade de fusão no outro...

Olavo disse...

É a eterna questão de nos deixarmos levar por aquilo que desejamos, e não por aquilo que realmente achamos viavel. No meu caso não estarei propriamente a espera de um principe, mas tambem não estou necessariamente a espera de uma princesa, acho que as vezes, o simples facto de achar possivel ser incluido numa fabula deliciosa já me é o suficiente...ou pelo menos o suficiente para me internarem.
Quantos de nós já não ficamos á deriva, no meio de um temporal. Ao longe os gritos daqueles que nos adoram, mas que nao nos chegam, ao largo os navios que passam, mas que nao nos veem, por cima um sol e uma lua que nos veem, mas não interveem, quando de repente, uma voz mais atenta, diz aquilo que todos sabemos, "isso passa, mais cedo ou mais tarde passa, e o mais curioso, é nunca sermos capazes de precisar o quando...isso aconteceu". Nesse momento começa a nossa luta para chegar a margem, para então, iniciar-mos uma nova aventura, que provavelmente nos voltara a levar para o meio de um oceano de tormentas...mas a "piada" não estará mesmo ai?