Eu sei que não tenho propriamente um ar frágil, nem costumo deitar a cabeça nos ombros dos outros e chorar. Só mesmo às vezes, e com "outros" muito especiais.
Eu sei que nasci com um ar confiante, que quase nunca reflecte o interior, e que o facto de olhar para a frente e não para baixo, apelida-me, muitas vezes, de arrogante.
Eu sei que olho os outros directamente nos olhos, porque gosto de encarar a alma por detrás de cada ser que encontro nestas passagens.
Eu sei que tenho alguma dificuldade em me fragilizar, embora tenha cada vez menos, e que não suporto sentir-me uma vítima. Que prefiro responsabilizar-me pela minha própria vida, ainda que por vezes seja imensamente doloroso.
Mas quando dói, quando me perco no meio das situações, quando não me apetece levantar da espada e ir em frente, e me dizem "TU SUPERAS TUDO", há um sorriso amargo no meu ser. Uma ironia por detrás desta trama,um castelo que eu construí e que não parece destruível.
Eu não supero tudo.
Eu tenho muitas vezes medo, acho que não estou à altura dos acontecimentos. Eu nem sempre sei o que quero. Desejo tantas vezes que tomem conta de mim, apesar de saber também que quando o tentam fazer, luto contra isso com todas as minhas forças.
Não sou mais forte do que ninguém. Se calhar, a diferença,é que também acho que não sou mais frágil do que ninguém.
Mas, definitivamente, não gosto que me digam "tu superas tudo".
4 comentários:
claro. ninguem supera.
Exactamente...
Identifico-me imenso com o que escreveste.
às vezes, até os sorrisos devem ser contidos e escondidos. Para que quando cair-mos alguém reconheça a necessidade de nos dar uma mãozinha...
Stay Well
Grande verdade...
:)
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