Por mais anos que passem, quando procuro um lugar seguro, ainda que na minha mente; quando preciso de pensar, ou de regressar a quem eu sou é para aqui que venho.
O local onde cresci, onde brincava aos piratas no "Pouca Sorte", o mar que me trazia sempre tranquilidade, o céu mais brilhante e onde vi passar centenas de estrelas cadentes. O banco verde onde escrevi os meus primeiros poemas, onde confessei alguns dos meus segredos, onde chorei lágrimas solitárias, onde beijei a paixão da minha vida.
Há momentos em que tenho saudades, vontade de caminhar na areia, deixar passar entre os dedos os grossos grãos, sentar-me à beira-mar. Respirar o silêncio pontuado pelos aviões ali tão perto.
Olho para lá e não vejo nada de extraordinário. Já tentei replicar a experiência em milhares de outros lugares, alguns imensamente mais lindos, mas não é igual. Ali, nada é extraordinário a não ser a identificação,a sintonia, a essência que habita em mim e que pertence, também, àquele lugar.
"O nosso tesouro está onde está o nosso coração."
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