terça-feira, setembro 23, 2008

Os burros e as paredes


Não tenho absolutamente nada contra os burros, até porque, na metáfora, o burro sou eu.
Mas utilizo esta alegoria como um recurso, há muitos anos...
Imaginemos um burro a olhar para uma parede. Na sua mente, ele SABE que ali há uma porta. Ou porque a sonhou, ou porque aquela parte tem a tinta gasta, ou verá mesmo uma porta... ele sabe que pode passar para o outro lado.
Então ele vai em frente... e bate com a cabeça na parede. "Não foi o local certo, a porta deverá estar noutro local". Move-se ligeiramente para a direita, vê onde paira a tonalidade mais clara - pista certa para uma porta - e volta a correr num salto de fé. Outro galo na cabeça indica-lhe o significado puro e duro de uma parede.
Por certo, deveria haver ali uma parede... será que fica mais à esquerda? Ou não terá corrido com força suficiente. Vamos tentar de novo!!!! E assim por diante.
Há quem lhe diga "não sejas idiota, aquilo é uma parede!"; outros, mais subtis, tentam mostrar-lhe, mesmo que venha a ser construída uma porta, ainda não há nenhum sinal disso. Mas o burro, certo das suas convicções, intuições e o que mais o valha, a todos faz orelhas moucas. E viva a porta na parede.
Por vezes, é preciso que se acenda uma placa luminosa a dizer PAREDE, por mais que isso doa. Por vezes, é preciso que se acenda em vários momentos, de várias formas. Por vezes, temos de ser nós a procurar as placas... as portas que se abrem não estão, decerto, lá. E, se houver ali algo para nós, será pura e simplesmente uma parede. E isso não é bom nem mau. Mas não, não é uma porta!

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