Fiquei viciada.
Não podia ver uma máquina com as bolinhas a rebentar, sem me obrigar a meter-lhe uma moeda de 50$00 e jogar, até perder, nos primeiros tempos no nível 8, depois conseguia ir até ao 16 e assim por diante.
Era a máquina onde ele se perdia, também... o único jogo de máquinas que jogava. Sinal divino, aquele, o homem dos meus sonhos também jogava puzzle bubble! Aos 19 anos, era sinal de que seríamos, por certo, feitos um para o outro.
Era prática comum, eu ficar a vê-lo jogar, extasiada com o jogo e a companhia. Achava que ele jogava melhor do que eu, porque chegava a níveis mais avançados, mas ele continuava a colocar moedas, para continuar o jogo e eu jogava sempre com uma única.
"Porque não colocas mais?"
"Porque quero fazer um jogo com uma única moeda. Quero acabar o jogo honestamente."
Ria-se de mim.
Quando era eu a jogar, ficava atrás, picando-me, dizendo piadinhas, provocando até eu perder.
Mais tarde, começámos a jogar juntos, um nível cada um, e eu deixava-o ficar com os mais difíceis, porque ele achava que era melhor do que eu. E eu não me importava que assim fosse.
Um dia percebi que ele se alimentava do meu amor, da admiração profunda, da forma como eu o olhava. E que era apenas isso. Talvez não fosse culpa de ninguém. Mas o homem dos meus sonhos não estava destinado a ser meu. A nossa paixão por puzzle bubble não era um sinal escrito nas estrelas.
Entrei sozinha na Bijou - o salão de jogos onde íamos quase todos os dias. Nas minhas mãos, apenas uma moeda de 50$00. Tranquilamente, coloquei a moeda na máquina das "bolinhas".
Acabei o jogo nesse dia.
Saí de lá sozinha, o coração quebrado, sem ter ninguém que assistisse á minha vitória. Mas o sorriso nos lábios persistia. Eu sabia que era uma vencedora.
Não voltei a jogar nunca mais.
3 comentários:
Texto bonito*
És de Faro? Saudosa Bijou, lol.
História bonita... :(
Beijo
A rapariga *
Imre,:) Sou de Faro, apensar de não viver lá já há uns anos. Mas, sim, a Bijou deixa saudades...
A Rapariga, deixou memórias, sem dúvidas!!!!
Beijos
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