Com um pedaço de nada brinquei.
Olhei-o, toquei-o, cheirei. Mole e suave. Odor? Não tinha cheiro, ou seria eu incapaz de o respirar? Senti-me, insegura, menina assustada. Ainda assim, brinquei. Peguei-lhe, num suave embalo de vida e cor.
Moldei-o nas minhas mãos, pintei-o com as cores da minha tela. E, por fim, adormeci, na maciez efémera da minha imaginação.
Despertei mais tarde, acordando para um nada que agora era algo. Modelei-o eu, mas surgia em si mesmo como uma única forma, uma ideia, um universo ao meu redor.
Senti-me fechada num universo que tinha sido construido por mim.
2 comentários:
Caminhando na rua áspera e seca de um verão instável, vislumbrei em plena berma, a velha picareta espeleologica , envolta em verdes ervas daninhas, em tufos de cor pouco definidos e com a ferrugem de quem já enfrentara , pelo menos um inverno rigoroso. Peguei nela, não sei porquê, nem sei bem como, mas acalento a leve esperança, que um dia ainda possa servir para libertar alguém, da sua própria clausura…
:)
Sinto-me pequena, ao ver um texto tão simples como o meu ser comentado por palavras tão cheias de riqueza e força, como as tuas.
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