sexta-feira, setembro 07, 2007

Loucura

Abriu os olhos, com as cortinas ainda fechadas e a suave penumbra do quarto a inundar-lhe os sentidos com pequenos pontos luminosos. Olhou para o lado onde, na pequenina mesa de cabeceira redonda, repousavam os poucos comprimidos que restavam, velhos companheiros de viagem. Pegou na caixa de cartão e ficou imóvel, a mão no ar, estática, perante o pensamento que lhe trespassou a mente. Não, nesse dia não os tomaria.

Como seria voltar a pensar por si mesma? Sorriu, perante a ideia de se passear pelas ruas da cidade, com as meias de vidro rendadas a surgir por baixo do minúsculo vestido azul, dizendo tudo o que lhe surgia na mente.

Provavelmente, todos se afastariam, franzindo o nariz. Sim, porque ouvir a loucura pela manhã faz, por certo, comichão no nariz. Mas estava plenamente decidido.

Tomou um duche e aprontou-se como se para uma festa. Abriu a janela, permintindo ao vento fazer-lhe festas no cabelo.

As nuvens cinzentas anunciavam um dia instável e escuro. Dia de guarda-chuva, diriam os outros. Sorriu novamente. Ela, se levasse algum, seria um guarda-chuva de chocolate. Nessa manhã, a vida sabia-lhe bem...

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