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Um bando de miúdos irrequietos,descalços e meio despidos, a desbravar caminho por entre aquilo que mais nos pareciam pântanos.
Íamos ver a vegetação e as aves da Reserva, costumava dizer o Zé. Mas tudo o que eu de facto me lembrava era da sensação do pó acumulado à transpiração de Agosto às três da tarde, uma mistura barrenta e pegajosa, que fazia o corpo parecer mais áspero e quente.
Caminhávamos quilómetros por entre a densa vegetação da Reserva. As pernas robustas e fortes dos rapazes aguentavam a distância e o calor. Porém, as raparigas
acabavam inevitavelmente por se deixar cair, logo que avistavam a mais pequena sombra.
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- Fracas! - gritava o Zé, líder do grupo e o meu melhor amigo. - Deviam ter ficado em casa, que é o vosso lugar.
E com o orgulho ferido e a raiva a espumar pela boca, elas lá se levantavam, continuando aquele eterno caminho,na esperança de chegar à praia antes do entardecer.
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