quinta-feira, novembro 13, 2008

Eu, ele e a Marta - take1

Conheci a Marta no 10º ano. Fazia anos 2 dias antes de mim. Tínhamos a mesma altura, cabelos compridos e uma forma meio extravagante de encarar a vida. Ela mais extravagante que eu.

Em adolescente, era bastante fechada, no que dizia respeito a emoções, histórias passadas e tudo o mais. A Marta "apaixonou-se" por esse mistério à minha volta, dizia que iria descobrir de onde eu vinha, o que escondia, "por que razão os meus olhos desafiavam o horizonte". Foi assim que nos tornámos amigas. Ela tinha, de facto, ideias muito próprias, muito "à frente" e era difícil acompanhá-la. Hoje em dia, por vezes, penso nela e percebo o que deveria sentir, naqueles tempos.

Ele conheci um pouco mais tarde. Foi o meu primeiro namorado a sério. Ao contrário da Marta - e por inúmeros outros motivos - não é uma pessoa de quem me lembre, hoje em dia. Mas naquela altura, tinha 17 anos, estava apaixonada e achava que iria ficar com ele para sempre. Não achamos sempre? :)

Como quase toda a gente que conheço, fizemos a viagem de finalistas a Benidorm. Éramos meio loucos. Bebíamos muito. Muito inconscientes.
E foi numa noite dessas, num passeio na praia, sentada num banco a conversar com um colega, que olhei para o lado e, um pouco mais à frente, dei de caras com Ele e a Marta a beijarem-se!

Gelei. Houve uma parte de mim que morreu nesse dia. Porque havia coisas nas quais eu ainda acreditava.

Éramos muito jovens, estávamos muito ébrios. Falei com ela, mais tarde. As explicações dela faziam sentido, para o mundo dela. Não para o meu, nessa altura. A relação com ambos reatou-se, mas o fogo foi-se extinguindo.

Com ele, acabou da pior maneira possível. Com ela, fomo-nos afastando. Não fui ao casamento dela, apesar de ter sido convidada.

Nele não penso, porque a pessoa que ele era, não é, de todo, quem eu quero perto de mim. Nela penso, porque nunca chegámos a conversar verdadeiramente sobre o assunto. Nunca lhe disse que não lhe guardo qualquer rancor, que por um lado lhe agradeço, porque foi a primeira a mostrar-me quem ele era e as atitudes dela me ajudaram a crescer, muito. Que gostei muito de a ter conhecido.

Nessa altura, tinha sido apenas uma situação. Não sabia o impacto que o nome Marta teria, ao longo da minha vida.

10 comentários:

Ianita disse...

Isto escreveu a LP no blog Paraíso do Inferno hoje:

"Se as amizades fossem consideradas casamentos, sem dúvida que já me tinha divorciado umas quantas de vezes.
.
E tinha tido poucas reconciliações..."

A verdade é que nos dói mais uma traição de um amigo do que de um namorado (se bem que idealmente os namorados deveriam ser amigos)... Há pessoas que nos marcam e de quem nos lembramos pela vida fora. Tive duas amigas de quem me "divorciei", nenhuma pelo motivo que enunciaste, mas ainda assim um divórcio doloroso e que para mim não tem retorno. Se bem que de vez em quando as encontro e me dizem "vamos beber um café um dia destes". Não quero. Não quero quem não sabe respeitar a amizade. recuso-me a voltar a ser enganada.

Fool me once, shame on you.
Foll me twice, shame on me.

Kisses :)

Lita disse...

É verdade. As amizades perdidas doem mais do que os amores perdidos. No fundo, penso que as expectativas talvez sejam maiores.

E também tenho ex-amigos que não quero que o voltem a ser. Estranhamente, esta não é uma delas. Não sei explicar porquê. Não a procuraria propositadamente, mas não me importava de a voltar a encontrar.

Às vezes, as pessoas perdem-se bastante, nas suas buscas. Especialmente quando se sentem sós.
Mas isso sou eu. Eu sou uma pessoa que relativiza (às vezes em demasia) tudo!!!
;)

Kayla disse...

Aguardo o take 2....;)

Lita disse...

LOOOOL
Não para já, espero....

Patrícia disse...

ainda bem que já só são memórias.

Lita disse...

Sim... é verdade!!!
:)

M disse...

Óóó...eu pensava que a cena da 'Marta' era uma coisa mais actual...tipo, mesmo muito actual..não?

Lita disse...

LOOOL
Mas também reparaste no título, onde take 1 deve querer dizer qualquer coisa, não????
:)

Nelson Soares disse...

Antes de mais, espero pelo take 2, 3, 4, e por aí fora. xD


Quanto ao take 1, adorei. O sentimento de uma certa reminiscência e nostalgia, quase saudosismo, é-me muito familiar. As palavras contidas, os sentimentos guardados, as histórias inacabadas...


Mas talvez por serem assim, inacabadas, é que estas histórias são mais propensas a propagarem-se pela nossa vida. Porque a falta de um ponto final só traz imaginação, criatividade... ;)


Stay Well

Lita disse...

Concordo taaaannnnto contigo!!!!
Histórias sem ponto final são o ponto de partida para o "e se" de tudo o que podemos imaginar.

E para quem tem uma imaginação fértil (que é o meu caso... ).

Obrigada!