Ontem, na conversa com uma amiga querida, recordei uma história (muito) antiga, daquelas que nos mostram que, se não há alguém lá em cima a rir-se de nós (e dos nossos dramas pessoais), pelo menos a vida é bastante mais intensa do que qualquer romance.
Eu estava apaixonadérrima. Há oito meses que nada mais via à frente do que ele. E, de repente, em plena Lua Cheia, numa noite de Verão, vi-me nos braços dele, a concretização dos meus sonhos mais loucos. Foi tudo perfeito, eu não estava de vestido comprido e saltos altos, mas de calças de ganga elásticas e ténis all star, e não deixei um sapato no caminho, pois os ténis são difíceis de sair do pé e, de qualquer das formas, ele pôs-me em casa de madrugada. Mas não podia ter sido mais perfeito.
O sorriso que me rasgava a face de uma ponta à outra foi diminuindo com o passar dos dias. O meu príncipe não telefonava. A concretização do meu sonho perfeito começou a ser ensombrada pelas dúvidas mais negras que uma adolescente pode ter.
Era sábado da semana seguinte. Eu estava com um amigo num Bar, a jogar matraquilhos, quando ele entrou, acompanhado de uma loura estonteante, com um minúsculo vestido branco justinho e uma pose daquelas que faz lembrar as meninas da Playboy (se calhar até não, mas é a imagem que mantenho dela até hoje). Petrifiquei, com a imagem e o pensamento absurdo "isto acontece nos filmes, não na vida real".
Mas estava a acontecer. Respirei fundo, mantive a pose toda a noite, falei-lhe como se nada estivesse a acontecer e aguentei firme. O idiota ainda teve a grande lata de vir jogar matrecos contra mim... e ganhou!!!! Só quando cheguei a casa desabei num pranto interminável.
Domingo seguinte. Apanho o Intercidades das 18h (que só havia aos domingos e, por causa dos estudantes, tinha mais uma carruagem do que habitual). Tinha comprado o bilhete (com lugar marcado) na sexta feira anterior. Eram 4 carruagens com 116 lugares cada.
Imaginem QUEM tinha lugar marcado ao meu lado???? :)
A loura estonteante, "carinhosamente" apelidada pelas minhas amigas de "Cú de Pato". Sim, porque com razão ou não, as amigas protegem-se sempre umas às outras.
Passei metade da viagem sentada no Bar, enjoada demais para regressar ao meu lugar. E a pensar que nem nos filmes a coisa costuma ser tão sarcástica.
5 comentários:
LOL! bem sei que não é para rir... mas acho fantástica esta história. Ironia ou não, não venham cá com tangas a vida tem um sentido de humor muito à frente... é pena que só se consiga ler esse humor alguns anos mais tarde!
Podes crer!
Mas acho que esse é mesmo o termo, "muito á frente"!
LOL
Miga, estou a ver que o Algarve é um pequeno baú cheio de histórias para dar a conhecer :)
A vida é mesmo o maior espectaculo!!!
Que história louca!
Sayuri, mas porque raio é que julgas que eu "fugia" para lá todos os fins-de-semana???? Saudades de casa??!!!!
Luna, é verdade. Esta história é quase bizarra...
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