"Não te deixes enganar por mim.
Não te deixes enganar pela cara que uso.
Porque eu uso uma máscara, mil máscaras,
Máscaras que tenho medo de tirar,
E nenhuma delas sou eu.
Fingir é uma arte que, para mim é a segunda natureza.
Mas não te deixes enganar.
Dou-te a impressão de ser seguro,
De que para mim tudo é soalheiro e risonho, por dentro e por fora,
Que a confiança é o meu nome e a calma o meu jogo,
Que a água é calma e eu estou no comando,
E que não preciso de ninguém.
Mas não acredites em mim.
A minha superfície pode parecer suave,mas é uma máscara,
Sempre a mudar, a mudar e a condizer.
Por baixo, não há complacência,
Por baixo há confusão e medo e solidão.
Mas isso, eu escondo. Não quero que ninguém saiba.
Entro em pânico quando penso na exposição da minha fraqueza e do meu medo.
Por isso é que crio freneticamente as máscaras,as barreiras
Atrás das quais me escondo,
Uma farsa aliciante e sofisticada, que me ajuda a viver,
Que me abriga do olhar que sabe...
Mas esse olhar é precisamente a minha salvação,
A minha única esperança e eu sei isso.
Isto,se for seguido de aceitação,
Se for acompanhado de amor.
És a única coisa que pode libertar-me de mim mesmo,
Das paredes da prisão que para mim eu construí,
Das grades que ergo com tanta dor. (...)
Mas não te digo isto. Não me atrevo. Tenho medo.
Receio que penses mal de mim, que te rias,
E o teu riso matar-me-ia.
Receio de, no fundo, eu não ser nada, de não prestar.
E que vejas isso e me rejeites.
Por isso, jogo o meu jogo, o meu jogo desesperado de fingir,
Com uma fachada de segurança por fora
E uma criança que treme por dentro.
E assim começa um desfile de máscaras brilhante,
Mas vazio.
Tagarelo contigo nos tons suaves das conversas fúteis,
Digo-te tudo que não é mesmo nada,
E nada daquilo que é tudo, daquilo que chora dentro de mim.
Assim, enquanto atravesso a minha rotina,
Não te deixes enganar pelas coisas que não digo.
Aquilo que gostava de ser capaz de dizer. (...)
Não gosto de me esconder.
Não gosto de jogos falsos e superficiais, quero parar de jogar.
Mas tens de me ajudar.
Tens de me estender a manter a tua mão firme.
Só tu podes chamar-me à vida.
Cada vez que és simpático e amável e me encorajas.
Cada vez que tentas compreender porque te preocupas,
A sério,
No meu coração nascem asas, muito pequenas, fracas, mas asas!!!! (...)
Com o poder que tens de me tocar os sentimentos,
Podes soprar-me vida. Quero que saibas isso.
Só tu podes derrubar o muro atrás do qual eu tremo.
Só tu podes derrubar a minha máscara,
se escolheres fazê-lo. (...)
Dizem-me que o amor é mais forte que os muros fortes,
E é aí que reside a minha esperança.
Por favor, tenta derrubar esses muros
Com mãos firmes,
Mas mãos suaves.
Porque uma criança é muito sensível.
Quem sou eu,perguntas tu?
Sou alguém que conheces muito bem.
Porque eu sou cada homem que conheces
E sou cada mulher com quem te cruzas."
Charles C. Finn
10 comentários:
UAU!...
Mesmo... uau!
Um poema fantástico em que se revelam todas as fragilidades do ser-humano...
Persona, em latim, significa máscara. Todos temos máscaras, uns mais que outros, mas todos temos medos.
Basicamente, medo de sermos frágeis, de nos mostrarmos como somos e aí então ficarmos sem defesas, despidos e descalços e sem rota de fuga... é o medo da entrega, mas é na entrega que está o sentido da vida...
Custa, pôr a nossa vida nas mãos de outra pessoa...
Mas... :)
Beijos!
Kaila, Ianita, achei muito bonito este poema. E que reflectia um pouquinho de todos nós.
resolvi partilhar... :)
LINDO o poema! Obrigada por partilhares!!!
Beijocas!
Muito bonito! E com uma utilidade prática incrível ;)
Lindo..! "dizem.e que o amor é mair forte que os muros forte. e é aí que reside a minha esperança." muito bonito, obrigada pela partilha deste texto! beijinhos!
Salto-Alto, de nada! É um prazer partilhar...
Sayuri, parece-me bem que sim...:)
Neptuna, beijinhos grandes.
Simplesmente Lindo!!! :)
korrosiva, tambem achei! :)
Lindo, lindo, lindo ... despojarmo-nos das máscaras e mostrar os medos que nos tolhem é um sinal de força ... de Amor.
Obrigado, Lita, e beijinhos :)
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